A Lacrimosa Falácia

O Prof. Freitas sabe as responsabilidades que tem na instauração do regime, pelo que uma declaração destas só pode significar a fuga para a frente, na tentativa de escapar ao incómodo do arrependimento. A Língua é uma coisa muito traiçoeira, mas fazer por acreditar que a saída para o País repousa no acrescento de um ditongo que junte velha receita a uma fonética próxima da conjugação do verbo dizer é fantasia forçada, a de querer fazer da dissolução a solução. Só pode passar pela cabeça de quem, muitos anos atrás, inundou todos os cantos do Rectângulo & Ilhas com uma brochurazita a garantir que tinha uma no bolso, mas a prescrição é sempre a mesma e contraproducente: "novas eleições, outras eleições e mais eleições", para entreter, gastando mais uns milhões, adiando eternamente a consciência do âmago do falhanço e querendo ver nas causas do problema a maneira de o resolver. Foram as eleições que puseram esta gente na (mal)feitoria a que estamos sujeitos, pelo que um verdadeiro arrepiar de caminho não pode continuar a ser o mesmo caminho de arrepiar. Os Partidos deram-nos como capatazes à la carte os frutos das respectivas Juventudes, mal saídos da idade do armário, é certo. E continuam nessa lastimável senda. Mas quem criou instituições e alienações da Soberania que os permitissem como gerentes a soldo da Estranja foram o Senhor Professor e os Seus Pares. Este apelo ao actual ocupante de Belém é, mais do que uma adicional mordedura da mão que o alimentou, uma patética tentativa de lembrar que quisera o cargo e, assim, arrogar-se uma autoridade para pontuar a maneira de exercê-lo. E, quem sabe se, lá no íntimo, não querer lembrar que ainda está vivo, logo disponível para mais uma corridinha a apresentar como sacrifício? Pelo despeito ou pela ambição, as lágrimas dali provenientes serão sempre de crocodilo, enquanto que o Transcendente Amor a esta tão maltratada terra as volta, enfaticamente, a jorrar de sangue. Agravadas pela reiterada impostura de ser Obrigado a assistir ao espectáculo lúgubre de fazer passar por soberano um Povo quando a Soberania, roubada a Reis, Leis, cunhagens, controlos e decisões, apenas sobrevive na Dívida.
                                                             Dissolução, de Oleg Togyopin

5 comentários:

  1. Bem, eu "nessa guerra" não me meto, pela simples razão que também pugno pela solução preconizada pelo prof. Freitas, embora esteja completamente de acordo com a caracterização que o meu Querido Amigo faz da personagem, e da terrivel realidade quanto ao sistema partidário...

    Beijinho Paulo

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  2. Ai, a Querida Ariel também enfileira entre os que, de posse dum diagnóstico acertado da doença, desconfiam da terapêutica que salta aos olhos e insistem em tratar-se com pastilhas de açúcar?

    Beijinho preocupado

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  3. Grandes linhas meu Caro Paulo! Mais do mesmo é o que essa gente - coveiros da Pátria - sabe receitar. O abismo está mesmo à frente e o tempo é escasso. Abandonemos já a matriz abrilina!
    Abraço apertado.

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  4. E quanto ao Prof. Geleia... Os anos não parecem trazer-lhe a mais mínima vergonha na cara.
    Abr.

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  5. Obrigado, Meu Caro Marcos. Urge fazê-lo. Não sei se ainda será a tempo de salvar algum resto de Portugal, mas ao menos para que nos dignifiquemos um pouco...

    Parece mesmo estar a ver se se lembram dele para o lugarzito de usurpador de algibeira, ali à Beira-Tejo. Tudo de acordo com a insistência com que, noutra época de dificuldades, dava entrevistas a Semanários a propor-se para Ministro das Finanças, coisa que só despertou sorrisos.

    Abraço

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