10 de Junho



«Ó tu, Sertório, ó nobre Coriolano,
Catilina, e vós outros dos antigos
Que contra vossas pátrias, com profano
Coração, vos fizestes inimigos:
Se lá no reino escuro de Sumano
Receberdes gravíssimos castigos,
Dizei-lhe que também dos Portugueses
Alguns traidores houve algumas vezes.»


Ali pela segunda metade do século XVI, Camões ainda não tinha visto nada. Hoje os traidores são a regra, inchados ademais de legitimidade democrática. O problema actual, todavia, é menos o dos traidores que o do próprio regime. Como se disse (e bem) na pretérita campanha eleitoral, não se pode esperar que os homens que nos mergulharam na crise nos façam emergir dela. Mas do mesmo passo, também não se alcança como o sistema que nos conduziu à bancarrota nos possa trazer agora a prosperidade. Os regimes, às vezes, nascem risonhos e vão com o andar do tempo entristecendo. Mas não há nenhum que, nascendo torto, se endireite.

2 comentários:

  1. Meu Caro Bruno,
    o nosso Marcos é que sabe: reportando-se ao 1º de Dezembro, lembra que hoje não haveria janelas suficientes...

    Abraço

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  2. Grande texto, Caro Bruno. Isto que está aí, apesar da mudança das moscas, é a culminação dos trinta e sete anos de um regime parido sob o signo do anti-Portugal. Nem mais nem menos.
    Abraço amigo.

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