A Ponta do Véu

A Ministra da Justiça fala na dimensão duma fraude relacionada com Médicos e Farmácias no Serviço Nacional de Saúde, mas não adianta mais pormenores, pelo que qualquer reflexão quanto ao tema terá de enveredar por lateralidades. É evidente que é uma das funções do Estado reprimir infracções, mas terá de haver alguns cuidados, numa época em que as sucessivas restrições de direitos e encarecimentos de acessos geram nos espíritos de uma mole imensa de Compatriotas nossos a noção de que agir à margem da Lei é uma modalidade de legítima defesa. De igual forma convirá que se distingam esquemas mafiosos com a mira dos lucros egoístas e evasões ávidas de irregularidades com o objectivo de facilitar a vida a tanto utente que a vê tremendamente difícil, muito pelas últimas más acções governamentais dos derradeiros anos. Seja como for, mesmo com o combate equilibrado que se recomenda, haverá sempre um efeito perverso,  o da erosão da confiança em duas das poucas profissões que ainda dela generalizadamente desfrutavam, as dos Clínicos e dos herdeiros dos Boticários. E esse preço é tanto mais alto quanto, sendo das derradeiras actividades credoras de respeito quase universal, a imagem do seu abandalhamento pode levar à ruína de um dos raros pilares que restam a esta comunidade em desmoronamento. Por fim, um outro alerta: para um sistema político que encontrou a sua base maior de legitimação nas edifiacações conexas com o Estado Social, continuar a diminuir o âmbito ou o volume das benesses dele pode levar a confundir uma fraude no SNS com a qualificação dele como fraude. O que faria a Senhora Ministra passar por Ministra da Injustiça.
                                                                   O Farmacêutico, de Roy Wallace

2 comentários:

  1. rudolfo moreira04/04/13, 14:48

    deve ter sido isso que assustou a ministra que já pediu para se ir embora

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  2. Meu Caro Rudolfo,
    e não será uma jogada de antecipação, essa?

    Abraço

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