O Real Gaseado

Passada a primeira e traumatizante impressão, o caso Cipriota reconduz-se ao que, de facto, espreita por detrás da míngua de papel, ou seja o papelão que o pequeno País pode desempenhar nas Relações Internacionais. Quer dizer, na reedição das desconfianças que os Europeus Ocidentais têm pelas aspirações mediterrânicas da Rússia, num ressurgimento da relevância das zonas de influência que a fraqueza da União Europeia torna risível. No Século XIX deu a Guerra da Crimeia, com Franceses, Britânicos, o embrião Sardo da Itália e um cheirinho de dinheiro germânico, o Austríaco, a sustentarem uma guerra contra-natura de apoio aos Turcos, para impedir a hegemonização do Oriente do Mare Nostrum pelo gigante euro-asiático. Hoje, a falta de jeito dos Comissários e demais eurocratas presididos pelo Dr. Barroso, deu em propor, pensando que não poderia recusar, soluções draconianas a Nicosia, sem alcançarem que a pletórica abundância de depositantes russos ameaçados de extorsão poderia levar Moscovo a corresponder com entusiasmo a qualquer pedido de ajuda alternativa, em nome dos interesses dos seus nacionais, enquanto a Ankara ocupante do resto da ilha resfolega a bom resfolegar. É que, com a descoberta de gás natural naquelas paragens, se, porventura, os endividados naturais da Terra de Afrodite não tenderão a dizer, como Salazar ao encontrar-se petróleo em Angola, «só me faltava mais esta», pode bem calhar-nos ter de gritar o mesmo, caso os precipitados gestores europeus que por aí andam continuem a hostilizar sem Norte ou força a política muito mais coerente do Presidente Putin. Mesmo achando que conseguem pintar ou reescrever a Realidade com louvores de circunstância aos grandes Artistas desses campos que ligariam o Continente.
                 Ruínas dum Castelo de Chipre, Saranta Colones, de Azat Galimov

3 comentários:

  1. O que ele diga ou deixe de dizer, deve contar imenso. E as justificações?... ah, e tal, a decisão foi tomada ao sábado de manhã, muito cedo...
    O puxão de orelhas foi o Barroso quem o levou, mas o verdadeiro destinatário não é ele.

    Ab.

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  2. rudolfo moreira21/03/13, 16:32

    o castelo das quarenta colunas como os ladrões do Alibabá

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  3. Sim, M&A RAA, claro que é o mandarete que apanha sempre os tabefes. O certo é que a Rússia - que tem um Governo - mergulhou de cabeça no resgate de Chipre, embora não necessariamente em sentido apenas financeiro. E até aIgreja Ortodoxa se mobilizou, com hipotecas dos seus bens, em nome da... desipotecação ao Estrangeiro que, para o efeito, não contava Moscovo. Um exemplo para os paus mandados que por cá aturamos.

    São tantos, Meticuloso Rudolfo? 26 + a Comissão, até deve orçar por aí, sim.

    Abraços

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