Sobre a tranca na porta que Jo Biden e os seus conselheiros arranjaram agora contra a casa roubada da violência em massa, a de fazer a Indústria rever o conteúdo dos videojogos, não obstante o aparato tecnológico, continua a não haver coisa nova debaixo do Sol, confirmando o alerta bíblico: a discussão sobre se manifestações menos suaves do entretenimento funcionam como incitação a condutas reprováveis, ou, pelo contrário, como catarse que as evite, perde-se na noite dos tempos e é conhecida, pelo menos, desde os comentários à Tragédia Grega por alguns contemporâneos de nome e valia.
Neste caso, até me parece que a viciação em tamanho exagero de passatempos de destreza pode despertar vocações de mass killers adormecidas, porque convida à colecção de maiores tiros certeiros possível e apresenta continuadamente os alvos a acumular com a desumanização total que esbate os mecanismos de refreamento e reflexão passíveis de conter o atirador, quando na mira estejam seres em carne e osso. Mas não sejamos lestos a diluir culpas pessoais e intransmissíveis, cada monstruoso disparador de armas reais tem de ter em si o germen do Mal, mesmo numa sociedade que vê e elogia a presença das simulações do assassínio como uma lúdica e aceite diversão, um pouco como que escape masturbatório que dispense da interacção estimulante da reconhecibilidade do Humano no que de menos mau ainda consiga exibir e apelar.
Jokers I, de Migle Kosinskaite
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