Veni, Vidi, Vi(n)ci?

Esta epidemia de notícias sobre a cessão da ANA, pela infeliz coincidência da sigla com o nome próprio feminino, desde logo me despertou más vontades, por exalar um certo odor a tráfico de brancas. Em rigor, tanto se me dá que a encaminhem para a francesa Vinci, como para uma das suas concorrentes, apesar de a Fraport também ecoar sonoridades próximas de acidentes da vida pública lusa nada honrosos. Penso que a gestão aeroportuária conviria, por razões de Soberania, à Nação onde pistas e terminais se situem, pelas mesmas razões da recomendabilidade de uma companhia de bandeira. Mas quando as prerrogativas do estado soberano já foram moídas e picadas em tantos campos mais relevantes, que importa? Além de que já não há que lamentar a venda de anéis, não para salvaguarda dos dedos, mas porque já não existem as falanges onde os enfiar.
Isto de aeroportos, aliás, irrita-me solenemente. Para além de a comida respectiva ter passado a designar uma coisa plástica quase intragável, são demasiado caros e todos nos lembramos da especulação de há uns anos, entre OTÁrios e transtaganos para implantação de um  receptáculo desses. Lembro pois com complacência o famoso Howard Hughes, que pensara resolver a questão dos elevadíssimos custos da construção das ditas infra-estruturas com a generalização do recurso aos hidroaviões, o que rimaria bem com o fado de um País que sempre quer ver no mar o espelho do seu Destino. De resto, Lisboa já teve um aeroporto marítimo, pensado para se articular com a Portela, via Av. de Berlim, precisamente em Cabo Ruivo, donde partiam, durante a II Guerra Mundial, os famosos clippers da Pan Am, um conceito de transporte de luxo que deu lugar à massificação funcional de hoje. É pena que se tenha abandonado o uso de uma categoria de aeroplanos, os hidroaviões, que, para mais, deram a última página de glória das navegações portuguesas, com Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

8 comentários:

  1. Belo texto, Caríssimo Paulo! É mais um golpe - já agora dos últimos - para completar a missão de aniquilamento nacional. Nação? Não. Terreno, albergue, mercearia? Sim! E tudo mandado pelo estrangeiro. Não me canso de repetir: abrilinos e quejandos podem limpar as patas à parede. Abraço amigo!

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  2. Meu Caro Paulo,

    O melhor é não dar ideias! Olhe que o Ministro Sobrinho-Neto do Aviador, com o germinar dum resort de luxo pelas bandas do Allgarve, está prestes a ficar isento de quiproquós com a Justiça, coisa que não parece ser lá muito para o Seu (dele) feitio. Às duas por três vende de volta os submarinos com o pretexto de precisar do rio desimpedido para o descolar e amarar das aeronaves e depois ainda aproveita a privatização de outras Águas para obrigar o Prof. Marcelo a ter que pedir licença a chineses ou angolanos quando quiser dar um mergulho no Tejo!

    Um abraço

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  3. Meu Caro Marcos,
    com a venda da TAP, cortam-nos as asas, pondo os pés na terra, transaccionam os aeroportos, ou a sua exploração, enfim. A seguir virá o subsolo? Temo pelo espacinho que esteja reservado ao repouso dos meus ossos!

    Meu Caro Pedro,
    ahahahahahaha! E eu a pensar que tinha descoberto a pólvora que obviasse às negociatas das expropriações! Mas o que esse meu antigo Colega fizesse teria de ser sempre mal recebido pelo também meu ex-Professor que cita, desde o arrufo entre ambos. E como Belém tem maior costa disponível que os Paços do Município, dá-lhe a faculdade de optar por outros alvos aquáticos menos poluentes da carreira política...

    Abraços

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  4. Um verbete com hidroaviões para desanuviar o ambiente.
    http://biclaranja.blogs.sapo.pt/434125.html
    Cumpts.

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  5. Muito obrigado, Meu Caro Bic. Já fui ver e é delicioso, mas desanuviar como, se me fez sentir nas nuvens?

    Abraço

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  6. Isto está de tal maneira que até o globo aqui da barra lateral me põe a blogar do Montijo...
    Ab.

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  7. Ahahahahahaha! Se a vigilância por satélite dos terroristas em potência for tão certeira, podemos contar com uma antecipação doutra certeza, a da morte!
    A menos que tenhas ido visitar o Futre...

    Abraço

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  8. "acidentes da vida publica lusa"?

    Que blog tao interessante caro Pedro.
    Se for tao amavel quanto a elucidar-me sobre estas suas subtilezas, muito apreciarei a sua simpatia...

    Cumps

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