Começando pelos últimos, quero dedicar o derradeiro post dominical do ano ao Pedro Barbosa Pinto, pela forma como o seu Sporting deu abrigo a três redondas bolas dele carenciadas, nas respectivas balizas. Nem se diga que a Esperança deixou de ser verde, essa invenção de Dante que tanto me intriga, porque o mesmo cromatismo das camisolas é partilhado pelo Rio Ave. E todo este triste desenlace talvez se haja ficado a dever ao equipamento alternativo laranja e preto que remetia para sinistras alusões à realidade com que findamos 2012, a cor de um Governo indigno de tudo, salvo do negrume enlutado pelo estado em que nos deixa. Prosseguindo, na ordem inversa dos componentes do título, de todas as cores ficou quem leu o dito do Secretário Leal da Costa a responsabilizar os Compatriotas pela manutenção da saúde, com objectivos de poupança. Nem perderei tempo a explicar a S.Exª. que a Doença é, nas mais das vezes, uma infelicidade involuntária e que este modelo de Estado, ilegítimo sob todos os demais critérios, apenas podia encontrar sustentáculo de aceitação no alargamento assistencial. Somente lembrarei que esta gentinha, mesmo com as melhores intenções, como a de aconselhar comportamentos salutares, tem a obsessão de responsabilizar os indivíduos pelo sucesso e a fixação na indiferença face aos que o não obtenham. Guizot celebrizou-se lamentavelmente com o «Enrichissez-vous», estes com o «Tornai-vos saudáveis». Para os que o não consigam... chapéu, o Poder tão Liberal não está para perder tempo ou dinheiro com vencidos!
Mas o que considero verdadeiramente importante neste tempo de balanços é falar-Vos daquele que se obtém de um novo momento maior do calçado feminino: os Assustadoramente Belos. Um velho apreciador, como eu, encontrou gigantescas dificuldades em identificar os tacões em questão como saltos, em tudo lhe apareciam como umas andas. O que apresentaria vantagens de tomo, desde logo para evitar proximidade com a crescente porcaria que nos rodeia. Como foi algo religiosa a explicação que nos deram para os avalizar, a introdução de um conceito novo de Beleza para não procurar rivalizar com Deus, ao fazer por melhorar o antigo, tentei - e julgo tê-lo conseguido - encontrar justificação para este devaneio criativo: mais do que confundir frente e traseira, como a época tanto aprecia, a inclinação para diante que implica, oposta à orgulhosa postura até aqui demandada pelos estilistas, é a ideal para qualquer devota pagar promessas. A ida a pé, descalça, a Fátima é uma brincadeira de crianças, confrontada com esta inovação, também um recrudescimento da pueril mania de se enfiar em sapatos que não servem.
Querido Paulo,
ResponderEliminarBrilhante post. Da desgraça dos Leões, (tenho cá em casa um sofredor das mesmas cores) à miséria dos nossos (des)goverantes que nos conduzem à ruina,"esta gentinha tem a obsessão de responsabilizar os individuos pelo sucesso e a fixação na indiferença face aos que não o obtenham", para concluir com a alucinação de um modelo de sapatos que só por maldade poderá ser proposto como novo conceito de beleza.
Beijinho
Caro Paulo
ResponderEliminarEu concordo consigo mas, temos de convir, que para alguma coisa aqueles sapatos devem servir! Se calhar na falta de um degrau para se chegar à prateleira de cima do armário onde estão os copos ou então para se subir o, dito, degrau da capacidade "académica", digo, o subir na vidinha...
abraço,
Nota: se calhar com esses sapatos os jogadores zeportinguistas olhavam melhor para a baliza, adversária!!
Meu Caro Paulo,
ResponderEliminarEis que, depois de três annus horribilis, sou premiado finalmente com uma Alegria proporcionada pelo “Meu Sporting”! Só lamento que São Patrício, Patrono do verde/branco/laranja, não tenha permitido a este Seu seguidor triplicar o regozijo com o post, quiçá rebaptizado RESSALTOS, PERNALTOS E SOBRESSALTOS, todinho ele dedicado a mim. Enfim, quase me apetece dar o dito por não dito.
No secretário (com letra pequena, não vá o Engº Godinho Lopes ser Seu leitor e poder ter ainda mais ideias para o corpo técnico leonino) Abel da Costa não posso zurzir, já que ao que parece estarei em dívida para com ele pois, contrariando alguns prognósticos médicos, ainda por cá ando... sem um rim, mas ando! Já agora o Paulo permita-me que use este Seu espaço para apresentar ao Senhor secretário o devido pedido público de desculpas e que aproveite ainda para o sossegar quanto às despesas com o acompanhamento da minha doença já que o IPO me formalizou a sua dispensa. Pelo vistos de repente fiquei são que nem um pero. :)
Quanto ao calçado feminino "Assustadoramente Belo", como diria o Diácono Remédios: - "não habia nexexidade!" - Nunca mais vou conseguir olhar para uma mulher de saltos altos da mesma maneira! :(
Um abraço
Querida Ariel,
ResponderEliminareu só queria ver se esta estrambólica criação do design de calçado funcionará como mata-borrão para absorver as invectivas contra o efeito dos saltos mais normalzinhos na coluna das Senhoras...
Meu Caro João Amorim,
bem, mas fazendo a Pessoa assim calçada esticar-se para o alto, não seria como transformar o corpo feminino numa analogia com o da cobra?
Quanto aos Amigos do Estádio de Alvalade, já arranjaram maneira igualmente eficaz de andar com os olhos no chão!
Meu Caro Pedro,
ora, ora, ainda bem que o Governante só agora se lembrou de arvorar-se em fantasmagórico credor leonino (sem piada, juro!) dos utentes do SNS. É que a interpelação é necessária à exigibilidade e, se ele a tivesse feito a tempo, vá-se lá saber que vida conventual não faria por impor ao Meu Querido Amigo!
Quanto ao aspecto clubista, leve a coisa pela positiva, com a embalagem do triénio referido, dificilmente o Dois Mil e TREZE destoará, como ano portador de azar.
Beijinho e abraços