Tomar o Bispo

Não tenho de me intrometer na disciplina interna de religiões que não sejam a minha e nem me desgosta que a Igreja Anglicana haja aberto o Sacerdócio às Senhoras, pois isso permitiu que o Catolicismo recebesse no seu seio muitos Britânicos infelizes com a decisão, atmosfera que propiciou, inclusivé, conversões na Família Real (Kent) e de um ex- Primeiro Ministro, Blair. Acho é que, a partir do momento em que se Lhes estende a Condição Clerical, não pode ser vedada a Episcopal. Uma coisa é seguir o modelo de Cristo e Maria, proporcionando às vocações os caminhos diversos dentro do universo religioso. Outra, bem diferente é interditar os lugares de liderança do culto, o que só pode resultar de e numa captis deminutio injustamente imposta ao Sexo pretensamente Fraco. Claro que os Bispos Ingleses devem ter tido em conta que o governo da respectiva confissão por Senhoras poderia descaracterizar a estrutura eclesiástica do País, por desconforme aos arquétipos do Sacro em que assenta o Cristianismo. Temos pena. Vários protestantismos tentaram desacreditar o Papado com a instilação do mito da "Papisa Joana". E quando um publicista menos desonesto, Blondel, apurou tratar-se de um facto forjado, outro mais faccioso, Bayle, logo o admoestou, por dizer conveniente aos que se haviam afastado de Roma que ele continuasse a ser tido como verdadeiro. Mas a conveniência nem sempre se coaduna com o jogo limpo... e jogatana sujíssima é, depois de uma votação, tentar mudar-lhe o resultado para o sentido oposto, à maneira do célebre referendo dinamarquês sobre o tratado europeu, das eleições na Argélia, ou da liberalização do Aborto, cá na terrinha.
                  Auto-retrato Com as Irmãs e Preceptora, de Sofonisba Anguissola

5 comentários:

  1. rudolfo moreira22/11/12, 15:09

    claro que os bispos tiveram medo da concorrência

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  2. Como calcula, Querido Paulo, estou em desacordo total com o que defende no sentido de que nada é imutável, senão ainda hoje estavamos a queimar herejes pelo Santo Ofício. Os referendos não são eternos, reflectem um momento, um contexto, um estado de espírito. Sou em principio contra o uso de referendos, mas então se se recorre a eles, num determinado momento, pode e deve voltar a recorrer-se para aferir se a sensibilidade dos votantes entretanto se alterou. Metendo a foice em seara alheia, no que respeita à recusa pela Igreja Católica do exercício do sacerdócio às mulheres, estou completamtente convencida de que Deus não o aprova. Infelizmente Ele mantém-se calado, e os Homens continuam a sua saga discriminatória. Mas o Paulo tem toda a razão nos argumentos de incoerência por parte da Igreja Anglicana, embora eu não compreenda porque diabo, salvo seja, "o governo da respectiva confissão por Senhoras poderia descaracterizar a estrutura eclesiástica do País, por desconforme aos arquétipos do Sacro em que assenta o Cristianismo". Mas afinal Deus tem género?
    Desculpe o relambório ....:))
    Beijinho

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  3. Meu Caro Rudolfo,
    qualquer dia as quotas estendem-se às dioceses...

    Querida Ariel,
    Deus Filho tem: é o género masculino. Por isso, muita da Grandeza da Santa Madre Igreja, a Qual, na impossibilidade de conceber reedições credíveis da Última Ceia por Mãos Femininas, proporcionou a participação na Vida Eclesiástica ao Belo Sexo, através das Irmãs.
    Ai, com que então, «estado de espírito»? Eu sabia que ainda devia haver mais uma razão, que não me ocorrera, para detestar e rejeitar os referendos. Ainda se exprimissem concepções profundas enraizadas... não é que fosse grande modo de aferição, mas o demandado mereceria algum respeito!

    Abraço e beijinho

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    1. o estado de espírito, saiu um bocado ao lado , foi uma bola na trave ...:)))
      beijinho

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  4. Pode ter sido, Querida Ariel, mas esse ferro não tolda o brilho do excelente remate que lhe fez seguir.

    Beijinho

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