Como é perigosa a rendição incondicional à literalidade! Até agora, o caso mais emblemático era o de uma comunidade religiosa muito minoritária que, tomando na sua imediata dimensão a passagem de S. Marcos onde se ordena que brandam serpentes, realizava umas reuniões rituais estranhas, com os participantes obedientemente apertando cobras vivas entre as mãos. Agora, temos o problema da Imprensa. Recomendaram-lhes que, sempre que os intereses hipócritas os mandassem calar em assuntos sérios e inconvenientes, gritassem «o Rei vai nu!». Pois estas luminárias pensaram que era para tomar à letra o conselho e, na indisponibilidade de um Soberano para o strip, alegremente chafurdaram nas brincadeiras atrevidas da juventude de um Príncipe, apregoando-lhe essa pouco alegórica nudez. Que admira que os súbditos não hajam sido sensíveis à proeza denunciante dos pseudo-jornalistas?
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