A Prússia e a França


Completam-se este ano três séculos do nascimento de Frederico II da Prússia. A excelente “La Nouvelle Revue d’Histoire”, dirigida por Dominique Venner e disponível nos quiosques nacionais, aproveitou a ocasião para dedicar o ‘dossier’ do seu mais recente número à Prússia e às suas relações com a França.

Para começar, Jean-François Gautier recorda-nos que quando Voltaire chegou a Berlim, descobriu que aí se falava francês. Era a língua da cultura da altura e sobre é sobre a relação e as influências mútuas nos dois países que reflecte no artigo “A Prússia na escola da França”. De seguida, Henry Bogdan dá-nos uma perspectiva histórica das origens da Prússia, partindo dos cavaleiros teutónicos. Para conhecermos melhor quem foi Frederico, o Grande e qual a sua relação com a Alemanha, podemos ler a entrevista com Sven Externbrink. De referir, ainda, os artigos “A Prússia depois de Iena”, de Jean-Paul Bled, “Do patriotismo prussiano ao nacionalismo alemão”, de Thierry Buron, e a cronologia que traça uma breve História da Prússia. Mas o destaque vai para o excelente artigo de Dominique Venner sobre “O eterno mito prussiano”.

Para além do ‘dossier’, podemos ainda ler a entrevista com o historiador da guerra Henri de Wailly e vários artigos, dos quais se referem: um testemunho de uma francesa da Argélia sobre a Igreja e os franceses da Argélia, uma reflexão sobre o filósofo francês Michel Onfray, por Laurent Dartez, e a recordação da Batalhas das Navas de Tolosa, por Philippe Conrad. Sobre este último artigo, apesar de estar bem feito, deve dizer-se que não se compreende porque não refere a presença das tropas portuguesas que participaram na batalha. No entanto, na cronologia das grandes etapas da Reconquista, feita pelo mesmo autor e que acompanha o artigo, são referidos alguns momentos-chave ocorridos em território nacional, a saber: a Batalha de Ourique, a Reconquista de Lisboa e a tomada do Algarve.

Por fim, lugar ainda para ficar a saber mais sobre um assunto bastante actual, com o artigo de Annie Laurent sobre as causas históricas da crise síria. Como sempre, uma óptima revista a não perder.

1 comentário:

  1. Não foi pequena tragédia a reconversão das elites dos Cavaleiros Teutónicos, sucessivamente, em mola impulsionadora do Eleitorado do Brandeburgo, Reino da Prússia e Império da alemanha. A sua área de expansão natural, para Leste, reconverteu-se numa omnipresente tensão virada para Ocidente, com os conhecidos conflitos com o vizinho do lado de cá do Reno. Para apaziguar os dois galos brigões (mesmo que um tenha as penas e peneiras de Águia), lá se fez a CEE, que também veio a descambar, como se sabe. O casal Franco-Alemão é, claro está, um par lásbico, ou não fossem a Freança e a Alemanha ambas nomes femininos. Isso não teria inconveniente de maior, até podia ser motivo de regozijo para voyeurs aqui no cantinho, não fora a indefinição e alternância sobre qual é o "sujeito passivo" da relação... No tempo do General de Gaulle o "activo" era o gaulês, hoje é a Sr.ª Merkel...
    Em ambos os casos, "ai tempos, ai costumaes!".

    Abraço

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