Recordar Duarte Pacheco

Inaugurada do dia 23 de Maio, a exposição “Duarte Pacheco - do Técnico ao Terreiro do Paço” celebra o engenho e obra de um dos políticos que mais marcou o nosso país no século XX. Está patente no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, até ao dia 23 de Novembro de 2011.


Uma óptima oportunidade para (re)visitar o belíssimo edifício do Técnico, infelizmente descaracterizado pelos dois caixotes acrescentados posteriormente, é a exposição “Duarte Pacheco - do Técnico ao Terreiro do Paço”, de entrada gratuita e aberta ao público em geral de Segunda-feira a Sábado das 10:00 às 20:00.

Integrada nas comemorações do centenário do IST e no projecto de recuperação, tratamento, organização e difusão do arquivo pessoal do engenheiro Duarte Pacheco, esta mostra foi colocada no átrio do pavilhão central, o que faz com que um elevado número de alunos passem necessariamente por ela e fiquem a conhecer, ou a saber mais sobre um homem cujas extraordinárias capacidades e extensa obra feita são amplamente reconhecidas, até pelos detractores do Estado Novo. Como Director do IST, ministro das Obras Públicas, ou presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi sempre um impulsionador incansável dedicado ao País e, principalmente, um visionário. Não é uma exposição muito grande, organizando-se à volta de uma pequena sala de projecções rectangular montada para o efeito, onde se podem ver os filmes “Lisboa de Hoje e d Amanhã”, “Quinze Anos de Obras Públicas” e “A Morte e a Vida do Eng. Duarte Pacheco” em quatro sessões diárias. Assenta essencialmente em fotografias que nos vão mostrando o percurso de Duarte Pacheco, desde a infância até à sua trágica e prematura morte. Há imagens das várias construções que a ele se devem e que mostram o extraordinário desenvolvimento que se deu naquela altura. Entre elas, algumas da Exposição do Mundo Português, em 1940, de hospitais, de bairros, da Estação Fluvial de Belém, do Estádio Nacional, do Instituto Nacional de Estatística, de património restaurado, da Estrada Marginal Lisboa-Cascais e outras vias, ou da plantação do Parque Florestal de Monsanto, hoje o “pulmão” da capital, bem como as impressionantes fotografias do seu funeral, incluindo uma onde os alunos do IST transportam em ombros o caixão de Duarte Pacheco. Entre os outros objectos expostos, o destaque vai para a mesa de trabalho do escritório particular da sua residência, que está coberta com projectos protegidos por um vidro, mas também é possível ver um busto da autoria de Francisco Franco, os livros com o aproveitamento académico, vários folhetos das suas obras, entre outros.

Para conseguir recrutar a mão-de-obra necessária às obras, Duarte Pacheco criou Fundo de Desemprego, para que contribuíam empregados e empregadores. Tal permitiu ao então ministro cumprir o objectivo de justiça social que o lema do comissariado, cujo cartaz também consta da exposição, tão bem ilustra: “Não se dão esmolas, procura dar-se trabalho”. Um verdadeiro exemplo para os dias de hoje.

Esta é uma justa homenagem a um engenheiro de engenho inegável que, como nos diz a frase de Salazar gravada no seu monumento em Loulé, teve “uma vida velozmente vivida e inteiramente consagrada ao progresso público”. À saída, no topo da escadaria do Técnico, observamos a magnífica Alameda D. Afonso Henriques e ao fundo a Fonte Luminosa... hoje apagada e seca. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]

4 comentários:

  1. Belo texto, Duarte. Não posso mesmo deixar passar mais tempo sem ir ver esta exposição.
    Saudades. Abraço.

    ResponderEliminar
  2. Óptimo, vamos lá daqui a uns dias! :)

    ResponderEliminar
  3. Parabéns por lembrar este grande Senhor. Um arquitecto com A maiúsculo. Todas as obras que projectou, além da sua categoria intrínseca, deixaram marca. E o que é mais, perdurarão pelos séculos. Foi uma enorme perda para o país o desaparecimento precoce deste génio da arquitectura nacional, que com o seu incomensurável talento tanto tinha ainda para dar ao país.
    Maria

    ResponderEliminar
  4. Peço desculpa pela troca do título académico do Engenheiro Duarte Pacheco. Mas um tão grande talento e perante tão grandiosas obras, tinha que ter também muito de arquitecto. Seria o meu subconsciente a trair-me ou tratar-se-ia da realidade? Modestamente permito-me acreditar nesta última hipótese.
    Maria

    ResponderEliminar