O primeiro é obviamente sobre “Tintin no pais dos sovietes”, inspirado directamente no manifesto anti-soviético “Moscou sans voiles”, de Joseph Doulleit, e em destaque está o “duo para a vida” Tintin e o seu inseparável companheiro canino Milou. A enquadrar a primeira história do nosso “pequeno repórter”, podemos ler sobre a forma como a URSS se impõe como ditadura, controlada por um partido que vigia tudo e todos, e provoca uma catástrofe económica. A seguir um livro que hoje alguns tentam envolver em polémica, “Tintin no Congo”, complementado com um texto sobre a África colonial do homem branco, tendo como personagens Dupond e Dupont, inspirados no pai e no tio de Hergé. O milionário Rastapopoulos, inspirado em Onassis, leva-nos a “Os Charutos do Faraó” e aos rumores e maldições associadas às descobertas dos egiptólogos, nomeadamente o túmulo de Tutankamon. Depois, é a vez do amigo chinês Tchang, que aparece no álbum “O lótus azul” e do conflito sino-japonês. Outra guerra, desta vez entre a Bolívia e o Paraguai, vai inspirar “A orelha quebrada” e o general Alcazar. Já em “A ilha negra”, com o dr. Müller como personagem, viajamos até ao mundo dos falsários que lucravam no início dos anos 30. A excêntrica Castafiore é descrita a propósito de “O ceptro de Ottokar”, tendo como pano de fundo geográfico os Balcãs e histórico o Anschluss. Inspirado no filme “Le Capitainne Craddock”, surge em “O caranguejo das tenazes de ouro” o capitão Haddock e o problema do consumo e tráfico de ópio. Em “O segredo do Licorne” aparece pela primeira vez o mordomo Nestor e viajamos até ao mundo dos piratas. Por último, é a vez do Professor Girassol, inspirado em Auguste Piccard, que se estreia em “O tesouro de Rackham, o terrível”, com um artigo sobre o castelo de Cheverny.
Este livro inclui ainda um capítulo dedicado às aventuras de Tintin no cinema, não podendo deixar de falar no filme de Steven Spielberg que está a gerar grande expectativa. Por fim, os interessados em aprofundar os temas tratados podem recorrer às duas breves bibliografias, uma com obras sobre os momentos históricos referidos e outra sobre o mundo de Tintin.
Bastante interessante para os entusiastas de um dos nomes maiores da banda desenhada franco-belga, este é um álbum obrigatório na colecção de qualquer tintinófilo. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]
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