Depois de muito reflectir, penso que o horror vivido na Noruega é suficientemente grave para me fazer opinar, de novo, no blogue destes Amigos. E começo, a propósito da expulsão do terrorista da Maçonaria que integrava, por estabelecer um paralelo com um caso relatado por Philippe Henriot. Numa conversa com um alto dignitário do Grande Oriente Francês, este garantia-lhe não haver um único dos seus pares envolvido no escândalo Stavisky. O interlocutor lembrou o nome de Dulimier. A resposta foi: «já lá não está!». Depois, veio à baila a identidade de André Hesse. Pois o pedreiro livre retorquiu que «o tinham posto de parte». Inevitavelmente se passou a René Renoult. O apologista da associação esotérica contrapôs «que o tinham excluído». Henriot não se conteve e aconselhou: «Monsieur, ainda deve restar um certo número de pessoas honestas na vossa associação. Façam-nas sair, será menos demorado do que fazer sair os outros».
O problema inicial está em esta fraternidade oculta e selectiva rejeitar sempre responsabilidades de crimes, seja pela diluição das autorias deles, como no Terror da Revolução Francesa, pelo abafamento das investigações, veja-se o Regicídio de 1908, ou ainda através das ostracizações dos seus rebentos mais consequentes, como nos casos vertentes. A expulsão dos criminosos declarados não pode ser censurada. Mas urgiria repensar o papel formador que os princípios ocultamente instilados neles desempenharam.
Porém, o jornalismo que temos não se importa. Compraz-se em soletrar a expressão vazia fundamentalista cristão, a propósito do infame Breivik, raro mencionando o seu apelo expresso contra o Papa e o Vaticano, ou a origem Protestante desse tal "cristianismo cultural" que se não sabe bem o que seja. Assim, pelo silêncio, mete-se no mesmo saco tudo o que é europeiamente religioso, de forma a não macular o laicismo da moda e a não favorecer com o arrolamento entre as vítimas, ainda que potenciais, a Hierarquia Católica. Nem vou já ao ponto de pedir aos nossos jornalistas e demais opinion makers que esclareçam ser a Vingança Templária, também presente no ideário assassino do dia, a fantasiosa legitimação preferencial destes irmãos discretos na aversão a Trono e Altar.
Outro pormenor escamoteado é o igualitarismo que também norteava o autor da triste proeza. Não só censurava o Brasil por esse ambiente propício à miscigenação ser, para ele, o segundo País de maior desigualdade social, como zurzia os privilégios que entendia estarem a ser distribuídos pelos imigrantes, na Europa. Mal vai quem olha com inveja para o que o Outro é ou tem...
Mas também o público comum e inocente não está isento, malgré lui, de um colaboracionismo acabrunhante com o atentado: as Jovens declarando terem um fascínio pelo assassino quase igual ao repúdio e os comentadores salientando-lhe a pretensa loucura mais não fazem que carimbar o atestado de decadência total de uma civilização incapaz de reconhecer a Culpa, sem minorações ou magnetismos branqueadores.
Tudo serve, para os próprios membros da seita maçónica e para os idiotas úteis que a defendem acenando com hipóteses miríficas de serem movidos por valores e princípios altruístas, para confundir quem seja mais desatento ás actividades da pérfida e sistemáticamente traiçoeira acção, encoberta e encobridora, da maçonaria.
ResponderEliminarCaro Anónimo,
ResponderEliminarcom efeito. E seria interessante denunciar detalhadamente as similitudes entre o auto-proclamado "templarismo" do assassino norueguês e a espúria apropriação da inspiradora Ordem medieval pelos membros desta subreptícia irmandade. Para além dos insultos e ameaças à Santa Sé e ao Papa presentes nos escritos do terrorista, notícias mais recentes davam o Palácio Real de Oslo como um dos alvos constantes da macabra lista. Demasiadas coincidências, é o que é...
Abraço