O vídeo de apoio de Futre aos Homens da Luta é tema interessante a vários títulos. Mas o mais evidente é o que se prende com as lateralidades que fazem apoiante e apoiados roçar a Ironia. Há um conceito muito british dela que pretende ser a que se exerce contra si próprio o sentido mais lídimo de humour. Ao jogar com as próprias dificuldades de expressão, o ex-Futebolista - ou quem sabidamente lhe gere a imagem - reinventa-se de uma forma regeneradora, na medida em que faz passar a percepção de não ser, ao contrário da aparência de muito cantor Pimba, tão falho de qualidade como levar-se inalteravelmente a sério poderia induzir.
A essência dos Homens da Luta é, cronologicamente, a inversa. tudo me leva a crer que a intenção originária era a da sátira aos anos 70; e que só quando a mensagem e a forma gozadas se cindiram, com a primeira a cair no goto de uma fatia grande de público através da apropriação em vez da risada, o Gel e o Falâncio terão optado por cavalgar à séria (ou quase) essa promoção entre os protocontestatários.
Muito mais do que sobre os intervenientes, um tal sucesso diz imenso sobre o público. Tendo passsado pela divulgação via Internet, antes de cativar os Media, ambos os protagonistas se fizeram o equivalente possível e anémico das manifestações e conflitos internos dos Árabes, muito mais ainda do que a grande manifestação de Março, já que nos povos decadentes a percepção paralisa o suficiente para esgotar no consumo de um espectáculo as energias de uma luta comum. Porque, aprofundando a "sociologia" da questão, a forma grunha exibida cala fundo numa audiência substancialmente jovem, mas já sem exclusividade etária, que solta assim o seu grito do Ipiranga contra os senhores de falinhas mansas e fatinho engomado que todas as noites aparecem na TV a tentar convencê-los de que são alternativa ou ases da Análise. Não só a tão cotada irreverência se estende à correcção da forma, como permite, pela paródia e o brandir cúmplice de conteúdos dela, uma espécie de airbag que salve do desmentido de ilusões partilhadas.
A luta daqueles que, fora do sistema, julgam conhecer uma linha de reciclagem do País tem de ser a de escalpelizar estas anestesias da Revolta, como combater a identificação da Lucidez como uma fraude dos estabelecidos. Mas reconhecendo o mérito de um potencial de afastamento que liberta das masmorras de eleições & partidos os elementos ainda não viciados da População.
A imagem é A Ironia É a Minha Sombra, de Mark Kostabi e ganha com a derivação da palavra inglesa para "ferro"- iron.
Ou isso ou querem só fazer e ver fazer barulho
ResponderEliminarRudolfo Moreira
Pois claro que era uma sátira; e fiquei sem perceber se quem na altura vaiou o terá percebido, como não perceberam os que dela se apropriaram. Mas eles sentem-se bem na crista da onda. Ab.
ResponderEliminarCaro Rudolfo,
ResponderEliminarpois claro, mas parece que a ele estão dispostos um tanto às cegas.
Meu Caro RAA,
o que prova abundantemente a literacia adequada da malta ouvinte e... votante! Estamos mesmo bem entregues!
Abraços
Off-topic, mas a que não resisti quando ouvi Futre a falar no Braga- Porto: como o Paulo sabe não sou fã de futebol ( aparte um fraquinho pelo Vitória e pelo Sporting, mas tenho dois sobrinhos nascidos em Braga e completamente " vermelhos " - na camisola clubística, entenda-se ). Um deles ficou com a bola com que o clube do Minho eliminou o Benfica, impedindo-o de ir a Dublin. Se o Paulo quiser envio-lhe a fotografia do troféu ( a vingança come-se fria, e não esqueci que o Paulo chamou " saladeira " a uma Taça arrebatada pelo Sporting, creio que a Taça de Portugal :))) )
ResponderEliminarBeijo pacífico
Para mostrar que nem sou rapaz de rancores, Querida Cristina, vou torcer pelo "Arsenal do Minho" na Final de Dublin.
ResponderEliminarQuanto ao tal esférico, em perdendo o ar, resume-se a um couro velho, nem serve para eliminar verduras como o mencionado recipiente da sala de troféus Leonina.
Beijo
"Para mostrar que nem sou rapaz de rancores, Querida Cristina, vou torcer pelo "Arsenal do Minho" na Final de Dublin."
ResponderEliminarCom que então, "para mostrar que não sou rapaz de rancores"...Aposto que tu até torcerias pelo Demo, se fosse necessaŕio para ver o Dragão perder esta final (o que Deus permita que não aconteça!)... ;-)
Ab
Tiago Santos
Não invoques o Santo Nome de Deus (tão) em vão, Meu Caro Tiago!
ResponderEliminarAbraço
Não, porque "got mit uns" - "Deus está connosco" (espero!)...
ResponderEliminarAb
Tiago Santos
Oops! Queria dizer "Got mit uns"...:-)
ResponderEliminarEntão a Divindade é Parcial? E logo a favor do Dragão, um sinónimo do Demo? Os da Cidade dos Arcebispos que A servem passam a enteados perante tais filhos?
ResponderEliminarAi, quanto pode o clubismo!
Abraço, Meu Caro Tiago
Então a Divindade, agora, é parcial e logo contra o clube da Cidade dos Arcebispos que têm por ofício servi-La? E pelo Dragão, esse sinónimo do Demo?
ResponderEliminarAbraço, Meu Caro Tiago
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAi..., não me falem em futebóis...
ResponderEliminarQuerida Margarida,
ResponderEliminarfutebooooool?! Quem é que gosta dessa coisa horrível?
Beijnho