O caso em si encontra-se muito mal estudado, hesitando os Historiadores actuais em considerar a predominância de uma questiúncula pessoal com o Comandante Militar do território, Coronel Genipro de Almeida, ou o carácter preponderante de uma verdadeira revolta contra a Situação.
A meu ver, a disputa é estéril. Em meios pequenos, nas mais das vezes, o Político torna-se pessoal e o Privado determina tanta vez os alinhamentos na luta pelo Poder...
O que gostaria de salientar é a tristeza de ver dois Lados que fizeram o que deviam mergulhando na incompreensão recíproca, por via da irredutibilidade dos pontos de Honra em que se firmavam. Os Herdeiros de Sardinha pugnando pela justiça aplicável aos matadores de um Camarada; o Estadista, moderando, em prol da composição a que um regime de muitos ideários coligados obrigava. É a perversão de um conflito entre Os que tinham a receita para salvar a Pátria e O que desse salvamento arcava com a responsabilidade imediata.
A versão impressa do protesto foi apreendida, pelo que raros exemplares terão sobrevivido. Havendo chegado às minhas mãos esta folha, com o texto dactilografado, dou-a à blogosfera, como subsídio e homenagem.
Uma derradeira frase finalizava o abaixo-assinado: Se qualquer outro cidadão português livre, quiser associar-se ao presente protesto, pode fazê-lo assinando esta folha e endereçando-a ao senhor Presidente do Ministério. Com as adaptações a que o tempo me obriga, é o que, emblemática e serodiamente, ora faço.
Mesmo apagado pelos anos, consegue-se ler, clicando em dobro.
“ (…) incompreensão recíproca, por via da irredutibilidade dos pontos de Honra em que se firmavam (…)” é algo que, infelizmente, se perpetua no tempo entre gentes de bem. Os dissabores continuados tantas vezes são nada mais do que falta de tolerância, de alguma disponibilidade da grandeza que cada um acaba por reservar apenas para poucos, terminando ingloriamente o que poderia ser um grande destino. Como o da Pátria. Que extraordinária memória nos trouxe, Paulo, muito obrigada!
ResponderEliminarGrande raridade Caríssimo! Mas que preciosidades o Amigo possui nesta impressionante casa-biblioteca! Se é certo que muitos integralistas aderiram ao Estado Novo é de lamentar que outros, esquecendo-se que a Nacao é o valor supremo - i.e. a sua integridade física e moral -, tenham alinhado com os inimigos da Pátria. Mas agora já é tarde para chorar o leite derramado...
ResponderEliminarForte abraco, Amigo Paulo.
Se contemporizar com a traição de «criminosos indignos da Pátria em que nasceram» era inaceitável, o que será «criminosos indignos da Pátria em que nasceram» governarem-na? Eu bem digo: Portugal acabou; com isso extinguiu-se o crime de lesa-pátria. E ninguém vai preso.
ResponderEliminarCumpts.
O Caro BIC tem carradas de razão. Chegou-se mesmo ao fim da linha. É a culminação de 37 anos de um processo maldito. Abrs.
ResponderEliminarQuerida Maggie,
ResponderEliminarpensei ser importante publicar aqui um texto muito aludido mas pouco disponível...
Sem dúvida, Caro Marcos. E quando os revejo nas comissões de apoio a Humberto Delgado...
A origem terá residido nesta desinteligência, também na base do espírito expresso no desabafo, noutra altura, da Viúva de Sardinha, segundo o qual, o Marido, se vivo, estaria no exílio.
Meu Caro Bic,
já dizia Maurras ao "representante da mulher sem cabeça" (o Procurador da República que o acusava): a tragédia era o acusador estar naquele lugar e Ele no banco dos réus. Da mesma forma, nós e eles...
Beijinho e abraços