No day after daquele em que muitos compatriotas acreditaram passar a cura dos seus males por um revisionismo da célebre injunção de diagnóstico clínico que se traduzisse num diga 133!, deitei-me a reflectir sobre a propensão ao jogo que faz de nós os maiores apostadores do Euromilhões.
E lembrei-me da letra duma conhecida canção francesa, a qual aponta ao passante uma depressão tranquila. Depressão tranquila e colectiva, que melhor descrição poderíamos pretender do nosso estado? Terreno fértil para a alimentação artificial de expectativas que adiem a revolta e o desespero conducentes à acção, substituindo-os pela espera paralisante que delega no golpe de sorte a resolução dos problemas.
E lembrei-me da letra duma conhecida canção francesa, a qual aponta ao passante uma depressão tranquila. Depressão tranquila e colectiva, que melhor descrição poderíamos pretender do nosso estado? Terreno fértil para a alimentação artificial de expectativas que adiem a revolta e o desespero conducentes à acção, substituindo-os pela espera paralisante que delega no golpe de sorte a resolução dos problemas.
Por isso somos os que mais jogam e os menos violentos. A receita alienante estende-se ao nível supra-nacional e, em países de similar modelo, tenta-se agora uma novidade no mais velho excitante individual e calmante colectivo que é o sorteio de números. Sem a componente da excentricidade estimada que está presente nas apostas inglesas sobre tudo, transfere-se para a abstracção da escolha dos algarismos as reservas de atenção expectante do vulgo. Cria-se uma nova extracção, garantindo todos os dias o circo completo, aquele que acumula uma hipotética promessa de mais e melhor pão. E usa-se o vetusto truque para viciar, perdão, fidelizar os jogadores - aumenta-se a possibilidade de prémios-migalha estimuladores do sonho, avolumando a dificuldade de acertar nos valores maiores.
A "felicidade instantânea" assim prometida ameaça bem ser a espelhada em A Lotaria, de Van Gogh. Pelo que, coerente como sempre, lá irei deitar os meus dois euritos no concurso da próxima semana.
A "felicidade instantânea" assim prometida ameaça bem ser a espelhada em A Lotaria, de Van Gogh. Pelo que, coerente como sempre, lá irei deitar os meus dois euritos no concurso da próxima semana.
Ontem, a bicha nas Amoreiras não acabava, Paulo. Com os mais variados e inesperados tipos de gente. Tranquilamente deprimida, sem dúvida. ;-SSS
ResponderEliminarApostei uma única vez - 2 euros, e, para minha surpresa, saí premiado - com vinte. O curioso é que a experiência positiva não serviu de incentivo para voltar e desenvolver o vício, com o progressivo aumento da quantia arriscada. Abraço amigo Meu Caro Paulo.
ResponderEliminarE não é que metade do prémio saiu em Chaves, 66 milhões? oh my God!!!
ResponderEliminarBeijinho querido Paulo.
Querida Luísa,
ResponderEliminarvá que não apareceu o Sr. Vara em vias de tomar o avião. Ai, mas o que estou a dizer? Claro que, com as retribuições a ele prestadas pelo BCP em destaque nas notícias, há um verdadeiro furar de fila de Euromilhões pelo concernido.
Isso é que é auto-domínio, Meu Caro Marcos. Como já disse noutro lado, jogo sempre a aposta mínima para o caso de um dia a Sorte se me atravessar no caminho e choramingar:
"paulo, por que razão nunca quiseste nada comigo?"
Aí posso responder-lhe:
"Eu fiz a minha parte, tu é que me deste tampa!"
Querida Ariel,
bem vistas as coisas, que admira?
Que cidade doutro nome estaria mais vocacionada para proporcionar a dita cuja vencedora?
Beijinhos e abraços