As pilhagens e a destruição do pós-guerra fizeram desaparecer grande parte dos mais de 16 mil volumes que compunham a biblioteca de Hitler. Do que sobrou, Timothy W. Ryback seleccionou alguns para contarem a história do seu proprietário, do Guia de Berlim de Max Osborn, comprado durante a Primeira Guerra Mundial, à biografia de Frederico II, de Thomas Carlyle, oferecida por Goebbels em 1945, passando pela “bíblia” rácica norte-americana de Madison Grant.
Segundo ele, Hitler tinha "D. Quixote", "Robinson Crusoe", "A Cabana do Pai Tomás" e "As Viagens de Gulliver" entre as grandes obras da literatura mundial e considerava Shakespeare superior a Goethe e Schiller.
O autor não se refere apenas ao conteúdo das obras e à sua influência. É bastante interessante a forma como descreve fisicamente os exemplares, o seu estado, dedicatórias e anotações.
Nota positiva também para a imagem da capa, uma belíssima fotografia de Heinrich Hoffmann, que na edição portuguesa está maior e a cores, ao contrário da versão reduzida e a preto e branco da edição original.
Esta obra não chega a ser uma biografia intelectual de Hitler, nem uma análise sistemática da sua biblioteca. É uma interpretação feita num estilo mais ligeiro, claramente destinada a um público mais abrangente. Não obstante deixar muito a desejar, tem o mérito de despertar a curiosidade para um aspecto pouco conhecido e por vezes até ignorado da vida de Hitler. Kubizek, amigo de juventude de Hitler, disse que “os livros eram o seu mundo”. Que melhor sítio para tentar compreendê-lo do que na sua biblioteca? [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]
Nada tendo a ver com a biblioteca de Hitler, mas uma vez li, já nem sei onde, que Lénine tinha afirmado que a leitura de romances amolecia a alma, pelo que o desaconselhava vivamente. Eu desde esse momento comecei a ler ainda mais romances do que nunca, aumentando consideravelmente a minha biblioteca .
ResponderEliminarPronto, agora vais conseguir que uma data de gente deixe de ler. O raciocínio é: "Hitler gostava de livros? Logo, os livros são nazis!"
ResponderEliminarAbraço
Ah! Ah! Ah! A silogística no seu melhor...!
ResponderEliminarAbraços a Ambos!
Caro Ega,
ResponderEliminarVou ter isso em conta cada vez que ler um romance.
Caro Paulo,
Quem entrar nessa (i)lógica é porque nada aprendeu com aquilo que leu... se é que leu alguma coisa.
Abraços.
Mais de metade da minha está por ler...; a questão é mesmo essa: ele leu-os?
ResponderEliminarTer livros não significa tê-los lido. Nem por sombras.
Há muitas razões para se acumularem volumes.
Desde gostar-se de os ler, até recebê-los de herança (p.ex.).
Como (quase) tudo, vale o que vale.
(como a singela opinião de uma 'comentarista' - outro 'exemplo'...)