Os Cientistas pasmam com o facto de o beijo ser uma experiência mais memorável, aparentemente, do que a cópula. Mas que admira a gente menos, hã, focalizada? Enquanto que a beijoca é vista com uma aura da intangibilidade que qualquer aceitação muito preferencial comporta, por mais inocente que seja, ao sexo puro e duro sempre esteve reservada a avaliação ambivalente da apetecibilidade e da axiologia degradada. Nem tanto pela transgressão que lhe aumentava a valia tentadora, antes pelo que Saint-Simon já expunha:
O desejo é animalesco, o prazer fugaz, a posição ridícula.
Claro que, salvo para ascetas de santidade acima da média não se coloca a questão da renúncia. O problema reside em a osculação ser uma espécie de aristocracia do gesto, com a delicadeza idealizada do Sentimento por detrás sempre a espreitar, apesar das prevenções em contrário. Enquanto que as trocas de fluidos são a concessão à plebe que todos, mais ou menos, acabamos por integrar, sob pena desumanização. O coito é um pouco como o Desporto ao alcance dos menos dotados, com uma consequente piedade a bafejar os excluídos dele. Enquanto que o Amor, Ah l'Amour, c'est une autre chose!
Por isso as prostitutas mais competentes não beijam, têm uma noção exacta da sua especialização. E pela mesma ordem de razões beijamos, das mais variadas formas, quando exprimimos afecto , ou, ao menos suportabilidade. O problema jaz nas perversões desta seráfica composição: generalizado, o beijo, mesmo na intimidade, escorrega para mais uma mentira convencional E muito sujeito calejado, ou, ao invés, inexperiente, gaba-se no seu interior de prescindir do Afecto e canaliza-se para a dimensão mais tangível.
Mas, até pelas limitações da habilidade de muitos, não é esta a melhor coisa para lembrar...
Mas, até pelas limitações da habilidade de muitos, não é esta a melhor coisa para lembrar...
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ResponderEliminar"O desejo é animalesco, o prazer fugaz, a posição ridícula." Esta frase está genial e, parabéns pelo texto no seu global.
ResponderEliminarMas, os cientistas ("a gente mais focalizada")compreendem muito bem essa divergência. Essa ideia é um mito! Sem grandes delongas, 4 palavras chave: ego, super-ego, endorfina e dopamina!;)
PDO/.
Oh meu Caro Paulo,
ResponderEliminarIsto é que é uma maravilha d'um texto.
Isto é que faz falta à blogª!
Um Abraço distante,
Luís F. Afonso, Japão
Still ou just?
ResponderEliminarRudolfo Moreira
Obrigado, Patrícia, aproveito para rogar que se leia "de desumanização" onde saiu apenas a palavra mais longa.
ResponderEliminarClaro que os Cientistas o compreendem , o sentido útil do «pasmem» era referido ao relevo afim da novidade, a que soava aparentemente...
Meu Caro Luís Afonso,
Bondade de Leitor Tolerante, é o que é!
Caro Rudolfo,
por que não "kiss tout court"?
Beijinhos e abraços
Cause " A kiss will be always a kiss " :)
ResponderEliminarBeijo Paulo
Let´s pray!
ResponderEliminarOutro, Querida Cristina
Este, já se sabe, Caro Paulo, é daqueles teus postais de antologia a compilar naquele teu livro para o qual já tenho lugar de destaque reservado na estante e que me abrilhantarás apondo nele o teu autógrafo.
ResponderEliminarRenovado Abraço.
Foi um prazer e um deleite. Adorei o texto Paulo.
ResponderEliminarBeijinho
Ora, João, o termo é que tem o appeal que se sabe...
ResponderEliminarQuerida Ariel,
Não tanto como os que experimentei ao grangear tais apreciações!
Beijinho e abraço