O Senhor dos Anéis

Aproveitando o título célebre da deliciosa fantasia neo-pagã - mas não neo-paganista - de Tolquien, enquanto sigo a entronização do Papa Francisco, uma rápida olhadela a dois dos símbolos da sua Missão. Todos apontam como consistente com o jesuítico voto de pobreza e com a admiração reiterada pelo Santo de Assis a opção da prata em vez do ouro como material do Anel do Pescador. Sê-lo-á, sem dúvida, mas sugiro uma outra alusão, a de reservar a Cristo, na vertente de adoração como Rei, o símbolo já presente numa das oferendas dos Magos.
Assim como, quando a tónica é posta na preservação de elemento emblemático da Companhia nas armas escolhidas, gostaria de adicionar a referência à Sagrada Família. Numa altura em que o Magistério Papal é tão necessário no Mundo, mesmo fora da prioridade da Oração e da Celebração Sacra, colocar no brasão os Sinais do Veneradíssimo Núcleo Humano Propiciador ou Coadjutor da Salvação pode fazer-nos lembrar o episódio extraordinário da (segunda) Defenestração de Praga, em que as vítimas católicas do atentado viram inesperadamente mantidas as respectivas vidas terrenas, após a invocação audiblíssima por uma delas, o Conde Slavata, de «Jesus, Maria, José!». Que possa ser o signo precursor da manutenção das condições para estoutra Vida de Serviço.
E porque um blogue é uma conversa familiar sem a interesseira promoção marcellista da imagem, gostaria, a propósito do Pai Adoptivo de Jesus, cujo dia hoje se celebra, de partilhar Convosco ter sido num 19 de Março, o de 1966, que este Vosso amigo foi baptizado, nascendo assim para o Verdadeiro Senhor.  Dia de Júbilos vários, no que me concerne.
Uma nota final: não tem sido aprofundada uma das noticiadas preferências literárias do Santo Padre, aquela que remete para «CRIME E CASTIGO», de Dostoievski. Ligando-a directamente à observação por Ele proferida no fim de semana, de que Deus não se cansa de nos perdoar, nós é que frequentemente nos esquecemos de Lhe pedir perdão, como não meditar sobre o mais forte testemunho literário do crescimento interior que é a activação da consciência conducente à libertação das servidões absorventes traduzidas na auto-complacência, ou, pior, na fantasista edificação interior duma pretensa superioridade moral que tudo nos permitisse, por, pateticamente, nos encararmos como excepcionais?

4 comentários:

  1. A escolha das armas pelos Papas são um pormenor que me coloca atento, tanto que podem ser uma referência à personalidade do detentor. Não me admirei que o Papa Francisco tivesse escolhido as armas que já usava na Argentina, enquanto Arcebispo. Mais que tudo, a "companhia" de Cristo é a melhor que posso almejar!

    abraço

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  2. rudolfo moreira19/03/13, 15:43

    se o paralítico que ele abençoou começasse a andar é que era qualquer coisa

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  3. Muito rebuscado G.P. De onde tiraram esta ideia?!
    D......

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  4. Meu Caro João,
    claro que, não sendo (Graças a Deus) um programa político, será reveladora das preocupaçoes do Eleito. E é consolador ver como centrar-Se no Essencial não exclui levar em conta as Relevâncias Formadoras.

    Caro Rudolfo,
    em vez de Papa Feito teriam os espectadores a papa toda feita. Mas não há um preceito evangélico que diz «Felizes os que acreditaram sem ver»?

    D...,
    Do Conhecimento e Profundidade que o Santo Padre, sob forma tão simples, revela. Não chegará?

    Beijinho e abraços

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