Desumano, Demasiado Desumano

A citação fílmica e a heterodoxia da luta trouxeram o Senador Rand Paul à ribalta. Filho do antigo Congressista Texano e candidato presidencial Ron do mesmo apelido, o parlamentar do Kentucky, também médico como o Progenitor, com ele partilha muitas posições corajosas, apesar de não cair em tão notórias teorias de conspirações ou anti-sionismos. Aqui, a Imprensa babou-se com a espectacularidade da abnegação maratonesca do filibustering e pouco relevo deu ao essencial. O expediente dilatório nem é tão raro como isso, o Falecido Robert Byrd, da Virgínia Ocidental, usou-o várias vezes, ainda não há muitos anos. Mas o que interessa é a substância, a liberdade presidencial para autorizar o uso de drones. Para a Civilização do Comodismo, poderia parecer um poder útil, na medida em que poupasse vidas de tripulantes em missões arriscadas. Para quem pense a Condição Humana com um pouco mais de detença é o rebaixamento da desumanização bélica a um nível sem antecedentes, na medida em que deixa seres da Espécie na mira de um autómato. Claro que a Culpa é inteiramente transplantada para os programadores do horrendo engenho. Mas a repulsa perante os maquinismos que roubam o que de grandeza havia no pavor bélico extrema-se perante a automatização cega da inflicção duma morte em massa ou de uma destruição conexa. Nem sublinho o egoísmo de esta resistência dizer respeito apenas ao uso dos aparelhos em território da Federação. Os Norte-Americanos têm a propensão a considerar as suas fronteiras acima do resto, como na reserva da possibilidade de ser eleito Presidente a quem lá haja nascido e a proibição de encarceramentos e torturas várias confinada aos seus limites. Mas chamar a atenção para a enorme negatividade da prática é não pequeno passo para que a Humanidade se compenetre da mesma, extra-muros.
                                                     Não Há Lugar Como o Drone, de Dana Ellyn

2 comentários:

  1. rudolfo moreira09/03/13, 11:48

    como ele esteve 13 horas a discursar o bonzinho do Obama deve esperar que dê azar

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  2. Meu Caro Rudolfo,
    superstição por superstição, o Presidente Obama fica, com efeito, mal nesta fotografia, pelo menos no tocante ao currículo de aceitabilidade da imagem das boas intenções. Mas há que dizer que este é um domínio relativamente consensual e com continuidade nos ocupantes da Casa Branca, de resto só contestado por figuras arrojadamente peculiares como o Senador Paul. O que só O honra.

    Abraço

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