De Estalo!

A anunciada saída de Sá Pinto da liderança da equipa de futebol do Sporting fornece-me o ensejo para aliviar um poucochinho a abordagem da Política, num fim-de semana a que a détente convém. Apesar de saltar de uma crise para outra, centrar-me-ei num imbróglio linguístico que me atormenta: O Sr. Rui Santos e alguns colegas foram-se referindo ao despedimento, nas fases de previsto e verificado, dando o ex-treinador como «chicoteado». Temi logo o pior. Estaríamos a enveredar pelo exemplo histórico do regime iraquiano de Saddam, em que um filho, Presidente da Federação concernida, mandava açoitar os agentes desportivos que não se mostravam à altura do esperado? Parece evidente que, porque psicológica, a chicotada respeitaria antes à equipa que, com a mudança, se galvanizaria, não ao técnico posto no olho da rua.
O caso tem um antecedente célebre, de anos atrás, creio que em Manuel José, o qual se referira às dificuldades dum colega, admitindo a iminência de ele «ser chicoteado». Mas os treinadores lidam com as tácticas, a responsabilidade pelas palavras é incomensuravelmente maior nos jornalistas, por constituírem o seu campo de acção. Além de que há outro perigo - quem tenha lido o meu post anterior pode, influenciado pela metáfora da saída de sendeiro do "Mister" leonino, pensar que eu sugeria para os criminosos políticos que nos fizeram descambar o emprego de um chicote psicológico... Nada disso, para esses o merecido era mesmo o literal. Em tratando-se do tal estímulo psíquico e algo platónico, quem precisa da chicotada somos nós, que formamos o conjunto da Sociedade Portuguesa nestes tempos do fim.
Ilustrei com Van Amburgh e os Leões, de Sir Henry Landseer

2 comentários:

  1. O tempo de antena que os ruis santos nas nossas tv's dispõem é um autentico insulto ao mais elementar bom gosto e bom senso. Quanto ao resto, não poderia estar mais de acordo...
    Beijinho Paulo

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  2. Querida Ariel,
    diz-se que o Sr. Rui Santos herdou acções de uma das participantes da SIC, o que explicaria muita coisa...
    Uma e outra das contingências em que, então, concordamos brotam directamente de perversões da Economia de Mercado!

    Beijinho

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