Defesa Dum Ménage A Trois


Nunca tendo sido apanhado na rede dos admiradores de Julio Iglesias, sou livre de dizer o quanto prezo a actuação deste Trio. As duas Excelentes Cantoras da nova geração, Natasha St-Pier e Julie Zenatti,  ao jogarem o jogo de substituir as meninas que povoavam os clips de juventude do romântico Intérprete Espanhol, subvertem-no, na medida em que conferem à disponibilidade uma dimensão diversa da de simples elemento visual da história sugerida como estando por detrás da letra. Nas caretas da bela canadiana e na mímica gestual empenhada da pequena Grande Francesa reside o contraponto adequado aos apartes de um senhor entrado em anos a que a imagem da experiência dá cariz de profundidade vivida e sentida, em lugar de se apresentar como mera arma e acréscimo de arcaboiço lúdico ao serviço da libidinosa inclinação.
Assim, o diálogo, em alternadas assunções duma derrota resignada, torna mais plena e credível a atmosfera da tristonha complacência perante o que não foi, ou já não é; além de que supera, de longe, a superficialidade plástica e desprovida de equação interior do simples enunciado sem drama dum absorvível unhappy ending.
O resto está nas vozes. E, apesar da terrível pronúncia francesa de Julito, ou por causa dela - como factor de verosimilhança -, quem canta assim não é gago.

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