Para Lars Von Trier:
Serão precisos 136 minutos para repisar o facto bem estabelecido de a Melancolia ir e vir independentemente da Vontade dos sujeitos e lhes condicionar a vivência, quando não a sobrevivência? Sim, no caso de se querer sustentar com tal verosimilhança a tese de as pessoas desequilibradas não conseguirem estar à altura das circunstâncias em momentos de normalidade instituída, enquanto que as triunfadoras desses instantes se desunem e claudicam face a fatalidades inesperadas.
O que conduz à formulação do que, intuitivamente, todos sabemos: o equilíbrio é também uma máscara, embora possa ser uma resposta tranquilizadora, se nem sempre profícua, ao Aguardado. Quanto ao Temido, num pano de fundo rememorador da impotência Humana em resistir aos ângulos múltiplos da Ameaça que, por detrás de mil e um disfarces, sobre si impende, resta o abandono à constatação incapaz de reagir, portador da condição atrabiliária que arrasta e corrói - tratando-se de um estado de alma persistente e não já dum corpo celeste arrasador no instante final do contacto. E instilando a noção de que no caso extremo e paroxístico só a Fantasia dos inadaptados permite Dignidade na Espera, desprovidos que os contemporâneos se encontram da Esperança outrora redutora do último momento a mais um da Vida.
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