Um slogan é, para preguiçosos, o sucedâneo de uma Doutrina. Quando o Regime vigente, nos seus alvores, se pretendeu legitimar através dos três célebres Ds imputáveis ao Casal Medeiros Ferreira, tentou-se branquear um golpe sórdido informado por ambições de carreira de oficiais subalternos pouco dispostos a continuar a arriscar o couro, com umas vagas ramificações trinas de um uno acto revolucionário: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver. Facilmente se percebia que, a prazo, se o País sobrevivesse, ainda que formalmente, à overdose da "resvalação", teria de ser no derradeiro dos três que poderia assentar uma qualquer camuflagem da mediocridade, porque abandonar aos arbítrios das maiorias a aparência das escolhas dos governantes deixa de ser sedutor quando estes passam a asneirar e locupletar-se mais do que a ultra-indulgente conta, numa sociedade que não preza a confissão de culpas próprias, mesmo que apenas as de remotas opções. E porque dar de bandeja aos poderosos que nos pressionavam território que Compatriotas defenderam à custa da própria pele cessa de ser estimável quando o célebre e essencial recuo histórico faz das suas..
Restava, por conseguinte, a miragem desenvolvimentista com a componente de generosidade grudada à edificação do Estado Social, a qual fazia tábua rasa do crescimento mais acelerado que o Portugal Contemporâneo conheceu, por ele ser pertença da segunda metade do Estado Novo, como das melhorias sociais por ele produzidas, sempre depreciadas por demasiado lentas e, aliás, ditas de fachada.
Hoje, quando os poderosos do momento tiram com uma mão as migalhas (na linguagem de Álvaro Cunhal) que com a outra deram, anunciando com trombas e trombetas o Empobrecimento e reconhecendo, mau-grado seu, toda a razão que a Salazar incumbia ao enquadrar os avanços da Colectividade na base financeira sólida que estas luminárias alegremente ignoraram, fica claro, cuspido e escarrado, que A «Revolução dos Cravos» não foi tanto a das infelizes flores vermelhuscas usadas e abusadas, mas as dos pregos que nos prendem a uma cruz portadora do contrário da Salvação.
Que dizer mais? Texto perfeito!
ResponderEliminarObrigado, Meu Caro Átrida. Infelizmente o retrato tem de facto o modelo que julgo ter pintado fielmente.
ResponderEliminarAbração
Uma análise impecável como é seu timbre. Mas Paulo, se me permite, na minha perspectiva o que os traidores, mentirosos, vigaristas e ladrões tinham em mente quando anunciaram aos quatro ventos, repetindo-os à exaustão, os três D's como prioritários para finalmente transformar Portugal num país progressivo, desenvolvido e rico, acabando de vez com "um país atrazado, de emigrantes e (segundo os falsos democratas) a viver uma paz podre", era dar cabo do mesmo o mais ràpidamente que lhes fosse possível e, honra lhes seja, conseguiram-no com perfeição cirúrgica. Uma vez traidor, para sempre traidor.
ResponderEliminarOs três D's que definem ao milímetro um crime de alta-traição e a verdadeira génese dos seres diabólicos que o engendraram, um crime que ultrapassa a capacidade de compreensão de qualquer ser humano na posse das suas faculdades mentais mínimas e a que eles cìnicamente deram a prometedora e atractiva designação de todos conhecida, aproveitando-se maquiavèlicamente da total ingenuidade dos portugueses, deve ter a seguinte e honesta tradução: DESTRUIR (a economia e a ordem estabelecida); DECAPITAR (o território português); DESTRONIZAR (humilhar um povo orgulhoso e bom).
Tendo em conta a dimensão do crime cometido contra Portugal, o maior e mais gravoso da sua longa História, é assim por que devem ficar conhecidos para todo o sempre os malditos três D's.
Maria
Querida Maria,
ResponderEliminarexcelente essa descoberta desmascaradora dos três Ds alternativos que descrevem a Realidade nos seus resultados.
Quanto às intenções, salvo as do PCP, que funcionaria como agente da geoestratégia Soviética na tomada da nossa África, penso que as dos expoentes abrileiros eram mais canhestras: fazer como os outros. Gente que respeita mais as conexões ao que predominava à época noutros espaços, em vez de prezarem o que cá imperou noutros tempos! Está tudo dito.
Beijinhos