Guerra total no Portugal medieval

O “tempo dos cavaleiros” preenche o imaginário de muitos de nós, para alem de se reportar exactamente ao período em que nasceu e cresceu Portugal. Muitas vezes refém de episódios mitificados ou caído no desinteresse pela desconstrução que de tudo duvida, o conhecimento da Idade Média está normalmente afastado dos crescentes interessados na História.

Publicado pela Esfera dos Livros, “De Ourique a Aljubarrota. A Guerra na Idade Média” (brochado, 436 páginas, 25 euros) abre claramente essas portas. Escrito num estilo acessível, que se lê quase como um romance histórico, não deixa por isso de ser um excelente trabalho de divulgação, baseado em fontes e na historiografia de referência. Não se restringindo aos aspectos estratégicos e tácticos, o autor opta pela perspectiva da “guerra total”, permitindo conhecer as alterações profundas que este acontecimento extremo provoca na sociedade daquela altura. Para tal, escolheu quinze batalhas – balizadas temporalmente por duas de elevada carga simbólica –, divididas em capítulos, que se iniciam com uma infografia auxiliar, nos quais analisa os antecedentes, os actores, os palcos, o confronto e as suas consequências.

Depois de um extenso período de investigação e produção científica, Miguel Gomes Martins deve ser um exemplo para tantos historiadores que nunca vêem o seu trabalho de investigação chegar ao grande público, pelo hermetismo do registo académico. Este é um livro para ler, reler e despertar a curiosidade para um período tão importante da nossa História e amiúde bastante desconhecido.

Recensão publicada na edição desta semana de «O Diabo».

3 comentários:

  1. Achei curioso o apelido deste Cientista-Historiador. Acaso haverá alguma relação de parentesco entre este Senhor e o extraordinário pintor que foi Augusto Gomes Martins? Creio que existe outra família com este mesmo apelido, mas só há alguns meses é que tomei conhecimento do facto após ter visto o apelido comum ser referido num programa literário. Isto, porque é muitíssimo raro tal acontecer entre duas famílias completamente distintas. Mas talvez este seja um desses casos raros.

    Gostaria que alguém me informasse por favor (talvez Duarte Branquinho?) se ambas são uma e a mesma família ou nem pouco mais ou menos.
    Antecipadamente agradecida.

    Quanto ao livro supra-citado, eu que sou uma apaixonada pela nossa História, perante a excelente crítica adquiri-lo-ei de certeza.
    Maria

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  2. Cara Maria,

    Desconheço se o autor tem o parentesco a que se refere. Vou tentar perguntar-lhe.
    Peço que me envie uma mensagem de correio electrónico para penaeespada@gmail.com.

    Cumprimentos,
    DB

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  3. Adquiri hoje o livro a que faz referência e pela rápida vista d'olhos que lhe dei (enquanto esperava pela mudança de luzes nos semáforos) a caminho de casa, fiz muitíssimo bem. Se o autor tiver em mente fazer a sua apresentação n'algum espaço literário dentro da cidade de Lisboa, agradeço ser informada. Faço o pedido porque não compro jornais excepto O Diabo, pelo que só terei conhecimento do facto, caso ele aconteça, através dos Blogs.
    Maria

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