Suicídio da Língua

Arma Para Suicídio, de Adam Brooks
Como pode um suicídio ser forçado, sem que o deixe de ser? Se ainda houvesse uma hipótese de escolha, como o que os Hitlerianos sugeriram a Rommel, vá. O Marechal era um adulto na posse das suas faculdades e fora-lhe dada como macabra alternativa a comparência perante um tribunal político, o que, sendo certeza antecipada da sentença, configuraria morte diferente da auto-infligida.
Agora, quando se força uma Menina de oito anos a envergar um colete de explosivos que a fará volatilizar-se conjuntamente com quem mais calhe, é precisamente o inverso. Nem a idade permite uma manifestação da vontade atendível, nem sequer houve o cuidado de tentar a persuasão, o recrutamento foi efectuado à força, o que, para além de remeter para o contra-senso de um "suicídio coacto", revela uma decadência neste tipo de bombistas, na medida em que em vista a estas acções já não conseguem o voluntariado bastante. Paradoxalmente, trata-se também de uma certa humanização, pois ao não seleccionarem na respectiva família o veículo do assassínio em massa, os autores do golpe falhado vivem um triunfo do afecto sobre o orgulho do martírio, recorrendo à filha de outro, coisa para eles tão pouco valiosa como um burro, uma vez que chacinar inocentes não os perturba.
Só assim, de resto. Não parece que, pelo género e idade da protagonista, a promessa de recompensa das 72 virgens pudesse obter qualquer efeito útil.

4 comentários:

  1. Humanizações que fazem querer ser selvagem e são parte da má vontade contra as mulheres porque não escolheram um fedelho
    Rudolfo Moreira

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  2. Neste caso, não sei se isso pesou, Amigo Rudolfo. Claro que podemos considerar que o Género Feminino, então nas crianças, gera sempre menos suspeitas e que um petiz talvez ameaçasse resistir mais.

    Anraço

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  3. Para mim qualquer noticia que venha daquelas paragens olho-a sempre com alguma reserva, não que aquela gente não seja capaz disso e muito mais, mas porque existem várias cortinas e fumo e é sempre muito difícil saber por quem é que estamos a ser enganados, se me faço entender...de resto a minha vontade era colocar-lhes a todos vários cintos de explosivos para terem a possibilidade de se juntarem com todas as virgens lá no alto, e nos deixassem a nós em paz cá no inferno da terra.

    Beijinho Querido Paulo

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  4. Sim, Querida Ariel, era como diz, mas, agora, já nem tanto. Aquele teatro de operações (especiais) passou a sê-lo mais para os jornalistas.

    Beijinho

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