Um Concelho nosso festeja Gorbachov e eu pergunto se ele o merecerá. Também, no meu tempo, delirei com o desabar do Comunismo e do Mundo dividido em dois, uma reformulação da grande ameaça pendente em que tinha crescido. Mas, se gosto do resultado, não consigo ver grandeza no Instrumento que o possibilitou, uma espécie de Kerensky revertido. A dimensão de estadista encontra-se em quem resiste, dificilmente em quem cede. Dir-se-á que o Visado era um Social-Democrata, não já um Comunista. Mas então ficar-lhe-ia bem tentar aceder ao mando pela oposição, não minar a partir de dentro. Não sou sensível a Marcellos Caetanos, quaisquer que sejam as cores respectivas.
E, sem ser propenso às teorias de conspiração, ainda alimento dúvidas sobre se não terá sido, de forma combinada, que não só involuntariamente, um agente dos EUA. Entenda-se, não o crismo de mercenário, até acredito que pensasse estar o Bem para os seus compatriotas na mudança de regime. O que ponho na mesa é se não andaria concertado com as agências de informação Norte-Americanas para o promover, através do desabamento provocado das instituições vigentes. O que levaria a uma identificação errada da ave cuja silhueta ocupa o lugar da célebre mancha, nesta caricatura de Aislin: não se trataria da Pomba da Paz, mas da Águia dos States.
Hoje estou do contra, Querido Paulo, parece-me que foi preciso uma grande clarividência e muita coragem, para dar os passos que ele deu...
ResponderEliminarBeijinho
Quase todos o julgam assim, Querida Ariel, mas penso que o Tempo Histórico não será caridoso com ele.
ResponderEliminarBeijinho
Desmantelar é sempre fácil; o difícil é construir. Já dizia o Mestre Maurras: o que surpreende não é a desordem, mas a ordem. O eminente professor de Direito não teve a mesma sorte... porque era "fascista", malgré lui. Abraço!
ResponderEliminarMeu Caro Marcos,
ResponderEliminaré isso, este, politicamente, também foi abaixo, mas resta-lhe ser incensado pelos vencedores. O Outro lá morreu amargurado no Brasil, expiando os pecados da sua fraqueza que, como no Rei dos Lusíadas, fez fraca a forte Gente. E também os da sua cegueira de trilhar um caminho diverso, que teria como efectivação do destino pessoal em que acreditava e, paradoxalmente, tanto se empenhara em ir preparando.
Abraço