São milhentos os casos de dadores de rins em troca de pagamentos, visando a própria sobrevivência, ou a de familiares. Péssimo, tanto mais condenável quanto se trata de uma literal venda do corpo numa sociedade que se compraz em, vocalmente, estigmatizar o mero aluguer dele. Porém, o caso sínico do dia, em que um jovem se desembaraçou de um rim para adquirir um tablet que, não apenas o mantivesse ligado, como lhe garantisse a aparência material prestigiante, é mau de mais para ser ignorado:
este acto tresloucado, da loucura causada pelo brilho do vil metal, levou a que se tivesse desfeito de um orgão que lhe permitia eliminar impurezas, para obter uma engenhoca capaz de, recebendo-as, as absorver. Para além de constituir um atentado à Natureza, seja ou não vista como a Obra de Deus, em proveito de um artefacto humano escravizante, sob uma enganadora auréola da libertação propiciada pela capacidade de se ligar, subconscientemente assimilada ao êxito em conseguir que lhe liguem.
Estamos perante o Prometeu a que, nestes dias, temos direito.
A citação no original inglês provém de Charles Spurgeon e demonstra como o eloquente pregador Protestante não merecia tanto como isso o título de Último dos Puritanos, na medida em que subalterniza nesta tão grande medida as aparências...
ResponderEliminarMiserável, não há outra palavra para tamanha escravidão.
ResponderEliminarBeijinho Querido Paulo
Querida Ariel,
ResponderEliminaré uma rendição absoluta do Ser à imagem. Deprimente.
Beijinho
Para o que adquiriu o rim foi um verdadeiro negócio da China
ResponderEliminarRudolfo Moreira
Meu Caro Rudolfo,
ResponderEliminarpois, não há volta a dar-lhe, quando a Geografia se enlaça com o Mercado.
Ab.