Este General das paragens outrora faraónicas vem dizer-nos que foram dadas ordens aos seus comandados para realizar testes de virgindade às manifestantes da Praça Tahir, alegadamente para evitar acusações de que as forças da(quela) Ordem as teriam violado. Como?! Quer dizer que, evaporada a condição intacta, o abuso sexual pleno se tornaria impossível? Ai, que cá tenho de rever conceitos, não compreendo esta causalidade himenal.
Parece-me muito mais plausível é a religiosidade do cabo militar, aos subordinados estendida, se ter manifestado numa clara separação das águas entre as concepções paradisíaca e terreal do seu Credo: vejamos, estando prometidas aos mártires, no Além, as 72 sem mácula, aos vigilantes, cá por baixo, não poderiam estar reservadas senão das outras...
Enfim, imagino é que este procedimento, intimidatório como convinha, terá reavivado a Parábola das Dez Virgens, aqui em versão pictórica de Blake: sendo o óleo que só metade delas conservou traduzido em Coragem, é possível que uma meação haja desistido e apenas a outra aguentado até final...
O meu Querido Amigo referiu lá no meu canto que este caso comparado com a lapidação da jovem lá para as bandas da ex-URSS é quase caricato. É verdade. A diferença é o nivel de responsabilidade de quem o pratica. Não é por acaso que as autoridades egipcias têm vindo a negar o caso, e só sob anonimato o confirmaram, sempre ressalvando: «estas raparigas que foram detidas não são como a minha filha ou a sua. Estavam acampadas na praça Tahir na companhia de homens que, dentro das suas tendas, tinham cocktails Molotov e drogas».
ResponderEliminarSe quer que lhe diga não sei o que mais me indigna, se a barbárie pura e dura, se o ultraje e ofensa à dignidade destas mulheres.
Beijinho
Mas se as egípcias não eram virgens como é que a parábola se aplica?
ResponderEliminarRudolfo Moreira
Querida Ariel, postas as coisas assim, nada tenho a obstar. O termo "caricato" que usei referia-se ao argumentário do inefável comandante, quando fazia depender a eventualidade de violação da inexperiência da vítima... E percebo muito bem o que nos diz da responsabilidade de quem personifica uma instituição, para além de ser um indivíduo.
ResponderEliminarMeu Caro Rudolfo,
eu queria mostrar que só pela tortuosa associação à mesma a virgindade podia ser chamada a desempenhar algum papel..
Beijinho e abraço