Sucatear é preciso...

Vi há poucos dias na TV alemã (DWTV) um curto documentário sobre a vigilância exercida pelos federastas da UE, na zona pesqueira do Atlântico Norte. Era a vez de um moderno buque germânico patrulhar as águas onde os "parceiros comunitários", em estrita obediência aos complicadíssimos cânones formulados pelos comissários de Bruxelas, podem lançar as suas redes. Pois o delinquente em questão era nada mais nada menos do que o arrastão português Santa Isabel, a cair aos pedaços, quase uma sucata, sujo, tripulado por indivíduos de aspecto miserável, e que escutavam, cabisbaixos, as reprimendas do alemão pelas faltas cometidas - escada de acesso a desfazer-se, informação incompleta nas embalagens, etc. Por sorte, depois de medições aleatórias dos buracos das redes, o polícia da pesca aceitou como razoável o desvio-padrão verificado. Quando se pensa que o Santa Isabel foi um dos mais modernos barcos de pesca e processamento que já cruzaram os mares, que Portugal possuía uma das três maiores frotas pesqueiras do globo, e que a Nação e o seu Governo impunham-se no estrangeiro pelo respeito que inspiravam, a emissão desde Berlim cravou-me um punhal na alma. Uma grande conquista da revolução dos cravos e dos cravas. O Santa Isabel, sucateado e a caminho do fundo, parece ser o retrato chapado do Portugal dos nossos dias. Valha-nos Deus!

3 comentários:

  1. «Chapado» é o termo ideal para esta pobre realidade chapeada, Meu Caro Marcos. Só um milagre da Rainha Santa que o crisma poderá evitar que acabe em breve às mãos do famoso Sr. Godinho & colegas. Só à... chapada!

    Abraço

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  2. De facto, meu Caro Paulo, só mesmo um milagre. Que Deus o ouça! E o Bic Laranja também.

    Abraços a ambos.

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