Puxar os Cordelinhos

Longe de mim insurgir-me contra uma experiência que poderá minorar o sofrimento e alienação de muita gente, mas a reprodução de um cérebro a papel químico do nosso faz-me temer dois riscos, curiosamente de sinal contrário. Em primeiro lugar, pode-se diminuir o Humano pelo controlo, numa limpeza mais subtil mas cerceadora do que Lavagem ao Cérebro de Whielki Krasnal, usando os conhecimentos assim adquiridos para criar entes pré-programados, que já não quadram no conceito de Pessoa. Por outro lado, não tendo, apesar das tentativas da Psicologia, a certeza de que a Vontade, orgânica ou autonomamentemente, inexista com localização funcional, a reprodução a papel químico do substrato físico de uma mente pode, no limite, conduzir a uma revolta das criaturas. O que nem seria mau, considerada a baixeza a que chegou a nossa espécie. Mas seria péssimo na medida em que tamanho salto para o desconhecido levasse ao decalque em série dos vícios que nos conhecemos.
Estamos em 2011. O Mundo dos Replicants de «Blade Runner» não foi fixado em 2019?

8 comentários:

  1. Tarde demais, meu Caro Paulo: o Grande Kaczynski — sim, esse mesmo em quem está a pensar, o tal de Berkeley, das bombas e do famoso manifesto —, explica na quase perfeição o porquê.

    E, em todo o caso, o Admirável Japão Novo que me acolhe, há muito que se antecipou a toda a concorrência (como aliás é regra da casa) e prepara-se para, muito em breve, começar a dar bom emprego às suas empreitadas de antecipação.
    É ver para crer:

    http://www.youtube.com/watch?v=Ig7qmddOq4s

    http://www.youtube.com/watch?v=bwOAnc1SANc&feature=fvwrel

    http://www.youtube.com/watch?v=MY8-sJS0W1I


    E esta, então, é assustadora:


    http://www.youtube.com/watch?v=eAuam8iiH3Q


    E nada de ideias reles: Estas "meninas" irão brevemente começar a trabalhar em unidades hospitalares e lares de idosos por cá. ☺
    Believe it or not.

    Grande Abraço d'Oriente,

    Luís F. Afonso

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  2. Um dos "meus" filmes.
    E dizemos ao nosso Deus o mesmo, em todas as linguagens do planeta: 'I want more life!'
    E rebelamo-nos.
    Tudo, como andróides.
    (e não seremos isso, de certa forma?...que sabemos nós, de verdade?...)

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  3. Mais um caso para lembrar que a ficção antecipa-se muitas vezes à realidade. Abraço!

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  4. Copiar um cérebro padrão actual só com um saco de vácuo
    Rudolfo Moreira

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  5. Meu Caro Luís Afonso,
    fantástico! É quase impossível detectar a diferença à vista! Não sei como será a prova táctil, nomeadamente quanto à contrafacção da temperatura e do toque corporais... imagine-a com as qualidades combinadas com as desta...

    Querida Margarida,
    nesse caso, convido-A a ler o que, a seu tenmpo, sobre a fita, escrevi aqui. Penso que cada vez mais nos portamos como tais, sim, porque deliberada ou inconscientemente ignoramos que a única libertação não-ilusória é a reflexão desde que em sentido diverso do do espelho...

    Meu Caro Miguel,
    o que é obra, sendo que essa seria uma tarefa atribuída aprioristicamente aos filósofos, não tanto aos ficcionistas.

    Meu Caro Rudolfo,
    um vazio desses ainda passa por bom, pois é tecnologia usada para conservação. Infelizmente é o inverso da que exige um Conservadorismo com C grande, o que pende para a Tradição.

    Beijinhos e abraços

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  6. Caríssimo Paulo - penso que se trata apenas de um 'spin' científico para arranjar uns financiamentos... Ainda não percebemos como é que este cérebro, mesmo manhoso, funciona, quanto mais começar a reproduzi-lo. Daria jeito para avançar com implantes nalgumas cabecinhas pensadoras? (Já agora, o Blogger passou-se dia 12/13 - mesmo em cima do milagre, e os seus comentários desapareceram) Um beijinho Helena

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  7. " (...)o que todos e cada um procuramos no nosso afecto mais íntimo, ou seja alguém que faça de nós excepção à categoria em que a generalidade nos inclui. (...)"

    Sensível e justa abordagem...

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  8. Querida Helena,
    ehehehehe, lá isso, lá isso... nem se perderia grande coisa em matéria de, hã, pluralismo, que aqueles que me vêm à mente costumam afinar pelo mesmo diapasão.
    Nem me fale, ando inconsolável com a perda de comentários em três ou quatro posts, como dou conta na caixa do do Hamlet.

    Obrigado, Querida Margarida, o sumo daquela maravilha cinematográfica parece-me impor tal corolário.

    Beijinhos

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