Não Há Crise!

A Classe Política insiste em dar-se ares de não ser composta por desclassificados, insistindo na tecla de que crise se resume à incompetência de um governo, que não existe a concernente à incapacidade de um regime. E por tanto vai propondo solucioná-la com mais uma dose do que nos levou a ela, ou seja, outra eleição. Há poucas vozes que se mostrem, a um tempo honestas e criteriosas. Uma dessas raras, a de um insuspeito António Barreto, é das escassas a sugerir que a capacidade de resolução do problema nacional está prestes a esgotar-se, no actual quadro constitucional. Por outro lado, ainda ontem, à mesa, Marcos Pinho de Escobar me alertava para o quanto a invocação de governos de salvação nacional, agora tão em moda, era a negação da bondade da luta nas urnas, até ao momento ultra-propagandeada. Trata-se de falsíssimo remédio. Mitríades VI, Rei do Ponto, terá tomado, ao longo de anos, quantidades não-letais de veneno, desenvolvendo uma tolerância que contra ele se voltou, impedindo o efeito da droga, doutra forma mortal, que tomou no momento da derrota. Também estes grandes pontos que nos conduzem facultaram em alternância os partidos que degradaram o Rectângulo e querem agora resolver radicalmente a coisa com a reunião deles, sem excepção, o que, evidentemente, não surtirá. Só há um caminho, a abolição da partidocracia. Ou figuraremos todos, acorrentados, nos triunfos alheios.

Não à crise!

6 comentários:

  1. Eles podem apelar o que quiserem a governos de união mas na hora da verdade não foram todos dizer ao Cavaco que queriam eleições?
    Rudolfo Moreira

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  2. Presumivelmente para actualizarem as percentagens do bolo que caberiam a cada um...
    Grassa confusão das grossas, Amigo Rudolfo. Ainda no outro dia Pedro Santana Lopes defendia, a um tempo, o alargamento do conclave governativo a todas as forças partidárias possíveis e imaginárias e, em simultâneo, a criação de mais um novo movimento com o mesmo cariz.

    Abraço

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  3. Obviamente, "eles" não conhecem a máxima (recito de memória): "Já detectámos o inimigo e ele...somos nós!"

    Ab
    Tiago Santos

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  4. Ehehehehe. Caro Tiago, quem me dera que passassem à fase da neutralização do dito.

    Abraço

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  5. Pois é Caríssimo, talvez seja aquele mero lapsus linguae que descortina a contradição interna, rapidamente corrigido pela instinto de conservação - i.e., garantir mais e melhores tachos. Abraço amigo!

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  6. A distribuição já começou, parece que lá pela Administração Interna...

    Abraço, Amigo Marcos

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