Anatomia da Folga

Queria só voltar ao Vosso convívio depois da Festa Maior, mas tenho de afastar-me publicamente - como pudicamente - daqueles que desataram a ficcionar sobre a tarde "dada" pelo Governo na Quinta-Feira de Endoenças. Foi o representante de uma Confederação Patronal, seguiu-o o Dr, Marques Mendes, acabou numa Senhora conselheira do FMI que nos (a)tenta, tudo a fazer coro de que não tendo nós couro, se tratava de um péssimo sinal num país que precisa de trabalhar, etc.&tal.
Está escrito: Nem só de pão vive o homem! Se por estas doze horitas tivermos de penar muita mais miséria, que seja. Não podemos é trocar por um sinal o Sinal, o da Cruz, que guardar o Dia da Ceia representa. Este laicismo materialista invasivo merece ser precipitado do alto do rochedo como o Tentador descrito no Evangelho. Vade retro!


Pena é que o Governo, tendo, o que é raro, agido bem, só neste domínio descubra como fundamento a Tradição. E suspeito-o de resumir o conceito ao descanso, sem pinga da Piedade associada, pois esta gente cinge a Espiritualidade ao telemovel e aos espectáculos, no que estará bem para um eleitorado que cada vez mais reduz a Quadra às férias. Julgo até que, à beira de eleição, as lições da História que terá retirado hajam sido as de evitar o sucedido no Cavaquismo, quando, com o mesmo pretexto, apesar de situação menos indigente, foi tentada a eliminação do feriado no Carnaval, originando a revolta e o decorrente princípio do fim.

A imagem é A Tentação de Cristo, por Duccio



Uma Santa Páscoa!

4 comentários:

  1. Pois é Caríssimo Paulo, é curioso reparar como muitos materialistas exigem folgar nos dias Santos... Abraco amigo e uma Santa Páscoa!

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  2. Meu Querido Paulo, espero que esteja melhor, já tinha suspeitado que estas suas ausências mais ou menos regulares se ficariam a dever a questões de saúde. Espero do fundo do coração que não seja nada de cuidado.
    Quanto ao que deixa exposto no post com o brilhantismo habitual, estou completamente de acordo embora a minha crise de fé seja profunda e não sei se irreversível. A espiritualidade não se decreta, a grande maioria das pessoas pira-se( desculpe a vulgaridade) para outras paragens, e não vive de forma nenhuma a Festa Maior, como muito bem diz. Acresce que a tolerância é para os funcionários públicos, nas empresas privadas trabalha-se e bem. Ora, porque diabo os funcionários hão-de ter mais direitos que os restantes?

    Grande beijo e uma Santa Páscoa

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  3. Os sacrifícios que esta gente faz, Meu Caro Marcos...
    hoje, sim, é feriado que não reconheço.

    Obrigadíssimo, Querida Ariel, andei um tanto atrapalhado, mas espero já ter saído "dela".
    Qual vulgaridade, o verbo pirar é, para além da fuga, o adequado à descrição da pira em que é queimado todo o património de relação com o Sagrado deixado às gentes do dia.

    Ainda bem que estamos sintonizados, Meu Caro Bic.

    Beijinho e abraços

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