Rei-Sol x Estado-deus


Não consigo deixar de sorrir quando oiço gente muito moderna e, como é lógico, muito liberal, muito democrata, falar desdenhosamente do "absolutismo" dos Reis. É sempre de bom alvitre recordar que absoluto mesmo, e o que é pior, tirânico, é esta maravilha do Estado democrático, moderníssimo, baseado na vontade ilimitada de uma maioria aritmética, real ou fictícia. Os Reis autênticos eram, estes sim, limitados pela tradição, pelos costumes, pela Ordem Natural, pela Lei Divina. Para não nos alargarmos muito fiquemos com Luís XIV, a quinta-essência do monarca absoluto. Pois bem, é o Rei-Sol que estabelece que não se cumpra nenhum decreto Seu que seja contrário às leis dos Reino e às Leis de Deus. Por exemplo, não passaria pela cabeça real alterar o direito de família, fortemente marcado pela moral e pelos costumes. Já o "nosso" querido Estado da soberania popular, do sufrágio universal e - sobretudo - da partidocracia, tem as mãos e as patas inteiramente livres para revogar até mesmo as leis da natureza, como tem-se visto, e de sobejo. É, pois, para honrar o Rei-Sol e sublinhar o devido desprezo ao Estado-deus, que trago-vos, para a hora do chá, um bocadinho de Lully.

6 comentários:

  1. Nestes tempos, só o relativismo é absoluto. Abraço!

    ResponderEliminar
  2. Exactamente! Mas, afinal, com a quadratura do círculo esses democratas são uns brincalhões.
    Forte abraço.

    ResponderEliminar
  3. Grande postal! Cada vez mais, vejo no meu Amigo Marcos um pensador tradicionalista - de vanguarda - para o III Milénio. Com mais uma mão-cheia, d'Outros tantos da mesma fibra, faz-se a (Contra-)Revolução. Ai!, o que eu fui dizer, que eles 'andem' aí...
    Abraço grande.

    ResponderEliminar
  4. Quem me dera, meu Caro João... espera para ver a música (e o artista) que tenho reservado para homenagear os okupas de "São Bento"...
    Abraço amigo!

    ResponderEliminar
  5. Inteiramente de acordo, Amigo Marcos. Como outros enganos há na matéria: os Tradicionalistas lusos do Integralismo Lusitano sempre viram o período dito do Absolutismo como uma perversão do sistema descentralizado e assente em Cortes que pré-existia.
    E, por outro lado, os Republicanos do 5 de Outubro de 1910, mal chegados ao Poder, como uma das primeiras medidas, decretaram a reentrada em vigor das Leis Anti-Jesuíticas do Absolutismo, com esta precisa forma e remissão.

    Abraço

    ResponderEliminar
  6. ... E eu alinho nessa visão Integralista, Amigo Paulo. Apesar de tudo, em Portugal, o Absolustismo só se concretizou - e da forma mais perversa e brutal - com o Marquês de má-memória. Digo eu...
    Abraços a Todos!

    ResponderEliminar