Por Um Fio!

A descoberta de que a proximidade do telemóvel de um dos lados do cérebro faz disparar os níveis de glicémia dessa zona não pára, paradoxalmente, de dar-me volta ao miolo. Nem é tanto a potencialidade dopante desse estranho instrumento, sabendo-se que o aumento do açúcar na nossa moleirinha estimula a capacidade intelectual. Estou já a ver o filme de jovens universitários de aparelhómetro no ouvido em pleno exame, defendendo a prática com o argumento de não estarem a cabular através de um cúmplice, do outro lado, senão, simplesmente a estimular a massa cinzenta.
Não, o que me faz espécie é a consequência na vocação que cada qual interiorizará, pois sabendo-se ser a zona direita do cérebro a que rege a percepção espacial e a fixação e ordenação de imagens, enquanto que a esquerda disciplina a memória e a compreensão mais abstractas, como se maximizará o suprimento das necessidades de cada um, compatibilizando a aspiração com a prioridade do uso de uma ou outra mão?
Reduzindo a miúdos: os destros entre os matemáticos, juristas e metafísicos, os canhotos entre os decoradores, artistas plásticos e artesãos, podem queixar-se de handicap que os coloca em inferioridade.
Percebe-se agora por que motivo Platão queria ver todas as crianças educadas para usar com igual facilidade ambas as mãos. E compreende-se a aversão deste Vosso servo à maquineta, quando a versão fixa do auxiliar de comunicação não despoletava tantos problemas e era susceptível de uma alargada panóplia de usos:

6 comentários:

  1. É compreensível, pois, que a par com os gadgets, se retorne aos clássicos.
    Não há nada de verdadeiramente satisfatório como a velha técnica.
    Vejam-se os gira-discos, p.ex. ...

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  2. O menino é impagável querido Paulo, mas tem razão, a mocinha não só está por um fio, como se viu na necessidade de deitar mão ao fio...

    :)))

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  3. Genial postal, com ilustração a condizer, Caro Confrade Paulo!

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  4. Querida Margarida,
    por essas e por outras é que recuso veementemente as pressões mais próximas para me pavonear por aí de tm na mão. Além de que, sendo o contrário de um puritano, quis deixar claro, através do(a) boneco(a), que gosto de tudo compostinho.

    Querida Ariel,
    já imaginou a Minha Amiga esta candidata como intérprete de «A Voz Humana», de Cocteau? Daria cabo da tensão trágica da peça, sobre o abandono do foro íntimoo e a solidão obsessiva subsequente.

    O mérito é todo da segunda, Caríssimo João.

    Beijinhos e abraço

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  5. Também aqui, Paulo? Francamente!!!!!!!!!!
    ;-D

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  6. O telefone chega a todo o lado, Querida Luísa.
    Beijinho

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