Comemora-se o Dia da Doença Mental, o que não levanta, à vista desarmada, objecção de maior. Mas, vendo mais de perto, o caso é bem outro. a prioridade da atenção centra-se nas depressões e na crescente profusão delas na Sociedade em que temos o azar de viver. Não subestimo o peso paralisante destes estados psíquicos, apenas contesto que seja amalgamado com delírios e impermeabilizações ao que rodeia característicos das formas de loucura ancestralmente creditadas.
Com efeito, diminuição de auto-estima até é recomendável como antídoto contra os êxtases egocentristas e egoístas. O abatimento desiludido pelos golpes sofridos e testemunhados não será coisa outra que consequência da sensibilidade amolada. Achar que não vale a pena e procurar escapismos de excesso ou renúncia pouco mais contituirá do que um princípio de Realismo, como de desengano a verificação da inexistência de capacidades auto-fantasiadas. O problema está em não passarem de uma fase epidérmica, gerando-se assim a incapacidade de reagir. Se levadas a fundo, as percepções do absurdo colectivo que ajudámos a construir e que alfim nos desmentem a benignidade que lhe imaginámos facultariam a ressurreição da vontade consequente que permitisse debelar o pior do que nos condiciona. O resto é consequência nociva do esbatimento da fronteira rigorosamente patrulhada entre a insanidade e as dificuldades gerais. Decorre de várias fraudes centrípetas, como a extensão universal da necessidade de terapias psicanalíticas, o uso da rotulagem de loucura para diminuir adversários (veja-se Ezra Pound e Hamsun) e a própria derradeira instância de conchego esperada pelas Pessoas ao confessarem-se deprimidas.
Até o título da notícia linkada diz «Dia da Saúde Mental» o que parece ser o da Doença. Nada de novo, o Paralamento também assentou arraiais no estabelecimento religioso de S. Bento da Saúde, transformando-o no antro doentio que se sabe...
Até o título da notícia linkada diz «Dia da Saúde Mental» o que parece ser o da Doença. Nada de novo, o Paralamento também assentou arraiais no estabelecimento religioso de S. Bento da Saúde, transformando-o no antro doentio que se sabe...
Segue-se a Manicómio, de Goya
Querido Paulo, como adoro ler estes seus textos..:)
ResponderEliminarBeijinho
tinha de haver uma razão para deixarem cair a última parte do nome do convento
ResponderEliminarA indulgência da Querida Ariel não cessa de me espantar e de me deixar desvanecido...
ResponderEliminarE os Portugueses que não se vacinaram a tempo contra o mal, Meu Caro Rudolfo!
Beijinho e abraço