Um pensador português

A cultura é normalmente relegada para segundo plano numa imprensa que hoje abusa da crise económico-financeira, das tricas políticas e das frivolidades sociais. Assim, infelizmente, há notícias que passam ao lado do grande público.

A celebração de um dos grandes vultos da cultura nacional contemporânea não deve ser algo relegado para um punhado de académicos. Pelo contrário, merece a nossa maior atenção enquanto portugueses que se preocupam com o destino da Pátria.

No ano em que se assinalam os 90 anos do nascimento de António Quadros e os 20 anos desde a sua morte, há a referir a realização do Colóquio Internacional “António Quadros: Obra, Pensamento, Contextos”, que decorrerá nos meses de Maio e Junho, em Lisboa, Cascais e no Rio de Janeiro.

Filho de António Ferro e Fernanda de Castro, António Quadros foi um notável filósofo, escritor, pedagogo, escritor e tradutor que nos deixou uma obra impressionante, tanto pela sua dimensão como pela sua elevada qualidade.

Numa das suas obras maiores, “Portugal, Razão e Mistério”, escreveu: “O que na realidade se esbateu ou desapareceu quase por completo entre nós não foi o patriotismo emocional que, por ser insuficiente, é muitas vezes manipulado por ideólogos e demagogos de má fé, foi a relação fundamental da substância e dos princípios da identidade pátria com a sua razão teleológica em movimento, relação que um dia corporizou no projecto áureo português, centro vital e motor de tradição lusíada, e que aguarda a reactivação ou a renovação sempre possíveis desde que se cumpram as imprescindíveis condições.”

Em tempos como estes, de grande indecisão e ausência de referências, fazem-nos falta pensadores deste calibre. Regressemos aos nossos clássicos.

Editorial da edição de «O Diabo» de 2 de Abril de 2013.

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