O Carimbo da Impotência

As metáforas dos políticos continuam a ser o caos de sempre. Agora, Seguro deu em tentar cativar a frígida Troika dizendo que Portugal «está num labirinto», quando o óbvio seria declará-lo num beco sem saída, porquanto no primeiro ainda se procura, com esperança, uma porta de evacuação salvadora e, presentemente, o abatimento e desespero gerais não consentem sequer a ideação dela. Claro que isso só teria importância se o destinatário o levasse a sério. Eu disse destinatário? Sim, porque esse não é a tal entidade estrangeira impositiva a quem o Secretário-Geral Rosa de dois em dois meses escreve, mas o Eleitorado, a quem tenta, provar que... dá cartas. O conteúdo é indigente, não só porque todas as soluções a que alude se resumem a pedidos de condições mais suaves para a escravatura que não contesta, como por repousar com desenfreada ênfase nas generalidades do Crescimento que resultaram com o Camarada Hollande, mas só antes de a governação e os puxões de orelhas germânicos ulteriores o terem resumido à insignificância desprezada e detestada que hoje é. A sua versão lusa, como ele proveniente do aparelho partidário, se não chega à detestação, é porque não encontra quem lhe ligue meia. O selo deste regime - e não só nas missivas para votante entreter - é o da obediência cega aos funcionários internacionais que nos conduzem para o matadouro. O remetente deste correio surrealista só se distingue dos que lá estão pelo volume da choraminguice.
                                                            Labirinto, de Leonora Carrington

3 comentários:

  1. Querido Paulo, completamente de acordo. Alías acabei de colocar lá na minha pobre taberna a expressão do meu sentimento de frustração, que o meu Amigo, como é seu timbre aqui brilhantemente expõe.

    Beijinho

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  2. rudolfo moreira04/04/13, 14:44

    a troika vai pedir-lhe que passe a mandar sms

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  3. Vou já ver, Querida Ariel. Agradeço a costumeira generosidade da classidicação com que me honra e faço coro Consigo sobre este dilema entre a frigideira e o fogo que querem impor a Portugal.

    Meu Caro Rudolfo,
    não é que o Cavalheiro os faça perder muito do tempo deles que, literalmente, é dinheiro. Mas será menos enfadonho, realmente.

    Beijinho e abraço

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