A Pista Lusa

Depois de o drama se haver tornado irremediável, resta assestar as setas da irreverência a aspectos bizarros das investigações subsequentes. Ao apurarem terem as bombas de Boston tido como base panelas de pressão e encarando a plausível hipótese de serem um protesto desbragado contra os impostos cujo pagamento chegava ao fim do respectivo prazo, as autoridades dos EUA podem bem virar-se para o nosso País. De facto, em que outro local é que se dá como resposta a uma carga fiscal desmesurada uma utilização menos ortodoxa das panelas? Em Portugal, onde a Arte de Joana Vasconcelos, à base dos acessórios de cozinha, tem atraído à Ajuda visitantes já em número de 20.000, presumivelmente para se distraírem da avidez da máquina tributária e dos que a comandam. Distrair, disse eu? Qual! Vai ser uma das raríssimas excepções às borlas facultadas ao Público, amanhã, dia 18, no âmbito da comemoração do Dia dos Sítios e Museus, o que só condiz com a sofreguidão das Finanças.
Mas voltemos ao nosso tema: com a justa raiva que os agentes e observantes da Lei devem ir desenvolvendo contra os assassinos da Maratona, a imputação de responsabilidades com o auxílio do nosso exemplo poderia trazer um ganho adicional - o de naqueles descarregar o indignado insulto do calão português baseado na alusão aos fazedores de panelas e, sob o império do politicamente correcto, pela extensão qualificativa, tratar de maneira menos discriminatória os cidadãos-gay...

7 comentários:

  1. Meu Caro Paulo,

    Esta Sua pista Lusa, associando a Arte da Joana Vasconcelos com os Estados Unidos da América, pagamentos de impostos e bombas a rebentar em Boston, transportou-me de repente para um 16 de Dezembro de 1773 muito estranho!... Vi um cacilheiro atracado no porto de Boston prestes a ser abordado por um enorme número de indígenas com ar zangado, vestidos apenas com calções e T-shirts suadas, enquanto no convés, sentados à volta de uma grande mesa, uns quantos senhores com fartas cabeleiras brancas mergulhavam OBs usados em lindas chávenas da Companhia das Índias Orientais... Brrrrrr vou ali lavar os olhos e volto já.

    Um abraço

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  2. Meu Caro Pedro,
    é muito compreensível esse arrepio, de que, impensado causador, me penitencio. A tal abordagem setecentista revoltou tanto alguns grandes espíritos que o "Dr." Samuel Johnson, num momento quântico de suspensão da acuidade crítica, chegou a dirigir-lhes um panfleto afiançando que «TAXATION IS NO TIRANNY», o que só se pode desculpar por a intenção dos tais protestatários ser a menos épica conservação de um monopólio.
    De resto, transplantando a nossa atenção para o tempo que somos obrigados a atravessar, só posso dizer que até na indignação contra o fiscalismo inchado se nota a falta de chá...

    Abraço

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  3. rudolfo moreira17/04/13, 15:01

    mas cá a pressão está fora das panelas que estão cada vez mais vazias

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  4. Querido Paulo,
    Anda agora aí pela bloga e redes sociais uma má vontade inexplicável, a meu ver, contra a moça. Eu acho graça às peças que vi julgo que há dois anos no CCB aquando dos Dias da Musica. E tem um lado bom, aqui o meu colega que nunca entrou no Coliseu dos Recreios, foi ao Palácio da Ajuda para ver a exposição da Vasconcelos. Veio de lá maravilhado!!! diga-me lá se isto não é serviço público...? :)))

    Beijinho

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  5. Meu Caro Rudolfo,
    por isso é que tarda a saltar a tampa, não é verdade?

    Querida Ariel,
    há mais alegria no reino da Cultura por um só Convertido do que por todos os consumidores habituais! Eu, reconhecendo que não será a melhor Arte do Mundo, tenho, contra um Amigo Próximo saído das Belas Artes e com gosto exigente, defendido a validade do trabalho da Artista. E a originalidade quie poderia ter-nos posto à frente dos suspeitos do costume, ehehehehe.

    abraço e beijinho

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  6. As panelas da Joana contêm outro tipo de estilhaços. Apesar de perigosas quando "observadas" pelo nosso cérebro prefiro-as aos que a escumalha terrorista utiliza sem arte mas com ódio.

    abraço,

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  7. Quem não prefere, Caro João? Uma explosão de criatividade só actua proficientemente no nosso espírito quando não é (le)tal perigo opara o corpo.

    Abraço

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