ADÚLTEROS & CIA

Acerca do escândalo que fez o General Petraeus, ex-chefe da CIA, voltar à terra, depois de descoberto o adultério que mantinha com a sua biógrafa, parece-me absurdo que ninguém o suspeitasse de um relacionamento com aquela que, ostensivamente, tinha toda a sua vida na mão. Foi preciso um emaranhado de ciúmes sórdidos, com a amásia a exteriorizar ciúmes de uma cabecinha oca promotora de festarolas sociais apontada para as estrelas (dos ombros, desde logo), a qual terá substituído como alvo de uns namoricos e-mailados o oficial em questão pelo general de Marines John Allen, que lhe sucedera no Afeganistão e estava nomeado para a NATO. Tudo quanto tecla, por aqueles lados, diz temer que informação confidencial haja sido partilhada nas manobras de cama, enquanto que este Vosso servo pensa ser diverso o nó do problema. A saber, que não parece avisado nomear altas patentes das Forças Armadas para a agência de espionagem. Desde logo, porque coincidindo o campo de acção, parcialmente, com o da inteligência militar, dever-se-á canalizar os portadores de uniforme mais vocacionados para os departamentos dela. Mas mais, porque o romantismo e exposição do Herói, a virilidade das vozes e saudações marciais e as próprias fardas são de molde a exercer apelos mais eficazes sobre o Belo Sexo do que um obscuro funcionário com décadas de encafuado serviço nos corredores das "secretas". Além de que um soldado prestigiado acha sempre, inconscientemente, que a faceta erótica do repouso do guerreiro é parte devida da sua paga e não pode correr senão bem.
                                            O Apanhador de Sonhos, de Michael Cheval

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