O Real e o Seu Duplo

Pronto, já temos jurisprudência, ou antes, jurisimprudência para atulhar os tribunais e ganhar uns cobres com isso. Poder-se-á dizer que a idemnização, na China, também é um negócio da dita, mas, com a importação cada vez maior de hábitos orientais, depois desta notícia que dá a fealdade subvertida pelo bisturi como fundamento de acção civel, por que não vermos empresas a processar contratadas e espectadores accionando actrizes que se hajam transformado cirurgicamente? A parte macabra da questão é o estatuto dos recém-nascidos indesejados, em países submetidos a quotas de natalidade: se o género já levava ao morticínio de tantos bebés, imagine-se o que à legitimação do ilegitimável não fará esta anatematização das imperfeições! A Realidade, mesmo plástica, está doravante completamente prisioneira do Passado.
                                                 O Cirurgião Plástico, de Jose Perez

4 comentários:

  1. caro Paulo

    O mais sórdido na notícia é a premissa do chinês em achar que da sua descendência só podia vir cousa bonita, bastando, para isso, uma mulher mais ou menos, para a obra. Como é que o pai prova que a candura do nado feio não provém dos genes da sua penta avó?

    abraço

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  2. Brilhante dúvida que só desonra quem a não viveu, Meu Caro João. Tudo isto nos poderia levar a mui filosóficas reflexões acerca da sempre ambicionada coincidência do Bom com o Belo, não fora a relegação do sentimento para a plasticidade, que quase me levava a escrever "para a plasticina". E, tem toda a razão, quanto à hereditariedade da pretensa hediondez, o indignado nem terá pensado em acusar-se... Está quieto, o que repugna é sempre (d)o Outro e não há ideal de fusão ou comunhão que valha.

    Grande abraço

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  3. Mas que cena mais macaca Querido Paulo, só mesmo com os chinocas....

    Beijinho

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  4. O pior, Querida Ariel, é que, tendo em conta as alterações que as imagens documentam, já nem se pode descrever a coisa como sendo de deixar os olhos em bico!

    Beijinho

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