Praça das Preocupações


Se me dissessem que eu acabaria a comentar o trânsito, daria o preditor de tão improvável facto como um doido varrrido. Mas tenho por líquido que o dever de um bloguista, como o de um entrevistado segundo Chesterton, é comentar todos os assuntos de que saiba algo, como aqueles de que perceba coisa nenhuma, E, assim, aventuro-me. Sabendo pela própria boca do Dr.Costa & Colaboradores que previam, no mínimo, maus começos para as voltas duplicadas à Rotunda, assaltou-me uma dúvida que não me parece de rejeitar liminarmente: não teria a republicaníssima edilidade tido em mente prestar um tributo ao local em que numa madrugada triste de 1910 nasceu a forma de Estado em que exulta? Talvez o melhor meio fosse construir a partir do nada, mas, encontrando-se o lugar ocupado por uma quase irremovível bolacha e os orçamentos entrevados pela míngua de cheta, aproveitar uns arruamentos para criar outro círculo, vicioso ao menos pela indexação ao primeiro, é capaz de ter surgido como uma saída. E a memória do entrincheiramento sobreleva a anunciada devoção à mobilidade... De resto, que importa a autarcas convencidos do seu génio que os munícipes automobilizados e os condutores das adjacências sejam usados como cobaias? Afinal, estamos no sítio em que, desde que atiraram para lá o monumento ao Ministro de D. José, a memória dele, pelo anti-jesuitismo e centralização, os deixa com a cabeça a andar à roda!

2 comentários:

  1. A Rotunda parece ser um dos símbolos terrestres do republicanismo português. Não lhes chega uma, tem que se erguer uma em cada terra em cada cruzamento. Quanto à Rotunda da patuscada, uma não basta, têm de se fazer 2 ou 3 no mesmo sítio.

    abraço

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  2. Meu Caro João Amorim,
    ainda há poucos meses vi uma reportagem que revelava ser a bela cidade de Viseu a recordista mundial de rotundas! E já nem sei que humorista dizia que o conceito de espaço verde dos autarcas lusos era uma das ditas com um arbusto no meio.
    Quanto à bebedeira ligada à que está em apreço, não admira que a vejam a dobrar...

    Abraço

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