Idade Média a sério

Este é o primeiro de quatro volumes de referência sobre a Idade Média, com organização de Umberto Eco e colaboração dos mais importantes medievalistas de diversas disciplinas a que nos leva numa viagem envolvente e surpreendente através da sociedade, arte, história, literatura, música, filosofia e ciência deste período intenso da História da civilização europeia.



Esta é uma obra monumental e essencial para compreender um período histórico ainda tão desconhecido e, principalmente, sobre o qual se criaram ideias feitas completamente erradas. Como escreve Umberto Eco: “Pesam sobre a Idade Média muitos estereótipos, e por isso será conveniente precisar, antes de mais, que a Idade Média não é o que o leitor comum pensa, o que muitos manuais escolares compostos à pressa fazem crer e que o cinema e a televisão têm apresentado”. Depois de esclarecer que esta não é a “Idade das Trevas”, não ignorou a cultura clássica, nem repudiou a ciência da Antiguidade, e muito menos é uma época de castelos torreados como os da Disneylândia, Eco analisa o que a Idade Média nos deixou e como foi radicalmente diferente do tempo em que vivemos.

Numa belíssima edição, este primeiro volume, “Bárbaros, cristãos e muçulmanos” (capa dura, 790 páginas, 37,90 euros), divide os conteúdo em capítulos dedicados à História, à Filosofia, à Ciência e tecnologia, à Literatura e teatro, às artes visuais e à música, e está também extremamente bem subdividido. Inclui ainda várias ilustrações e uma agradável e útil cronologia auxiliar. Infelizmente, a editora decidiu seguir o malfadado Acordo Ortográfico, mas o mérito desta obra e da sua edição em Portugal é indiscutível.

Um livro de qualidade e bem fundamentado, que nos transporta a uma Europa em transformação. Como nos diz Laura Barletta na introdução, estes “são também os séculos em que se define uma identidade europeia perante o Islão e o Império Romano do Oriente, que, e não por acaso, é melhor dizer bizantino, e com novas vagas de bárbaros que pressionam as fronteiras orientais”.

5 comentários:

  1. Em brasileiro dispenso. Prefiro ler em bárbaro.
    Não me leve a mal.
    Cumpts.

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  2. De facto, essa é uma nódoa bastante incómoda, mas não deixa de ser uma obra de referência.
    Infelizmente, as grandes editoras sucumbiram ao acordismo...

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  3. Pelo homem que escreveu o nome da rosa, talvez a maior encarnação dos estereótipos e preconceitos sobre a idade média? Não me leve a mal, mas não me parece...

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  4. Literatura brasileira de boa qualidade e com a ortografia antiga, a anterior ao Acordo, tudo bem. Agora uma tradução em brasilês resultante do A.O., que mais não é do que a língua portuguesa adulterada duas vezes, é que nem pensar. Se não fosse este o caso, adquiri-lo-ia de certeza.
    Maria

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  5. Caro anónimo,
    Eco é o organizador, a obra reúne vários autores.
    Também tenho (muitas) divergências com ele, mas esta obra não deixa de ser muito boa, na minha opinião.

    Cara Maria,
    O problema do acordês é esse, ou deixamos de comprar livros publicados cá, ou nos sujeitamos...

    Cumprimentos.

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