Anti-Lars von Trier


O título diz tudo: “Von Trier, do nazismo a Utoya”. É de um artigo de opinião publicado no “Ípsilon” de ontem e o autor deste manifesto contra o realizador dinamarquês é Augusto M. Seabra. Diz que “há em Von Trier um profundo e incomodativo desprezo pela condição humana, misantropia a que acresce a misoginia perante as personagens femininas, objectos de sofrimento e expiação”. Mas, claro, vê neste realizador “nazismo” e não só pelas polémicas (apesar de irónicas) afirmações em Cannes. Vai às raízes, nomeadamente da admiração de Von Trier pelos “cultores do romantismo, como Wagner e Visconti”. Diz ainda que “as inclinações pela estética nazi já não são novidade – é ver um filme como “Europa”, já não tão ambíguo no tocante a isso”. Mas, como não podia deixar de ser, este “nazismo” tinha que descambar no massacre de Utoya. Lembra como Breivik disse que o filme “Dogville” (que Seabra considera “o mais repugnante filme que vi em anos”. Uma afirmação que dispensa comentários...) inspirou o massacre na ilha norueguesa e nem o facto de Von Trier ter ficado consternado o demove dos seus intentos.

Mas não é apenas Von Trier o visado neste ataque. Também aqueles que louvaram o seu último filme (que para mim fica muito aquém de trabalhos anteriores) e diz-se “chocado” (!) com a distribuidora portuguesa por ter organizado o ciclo “Persona Grata”, depois do sucedido em Cannes. Para cúmulo, juntando ao anterior a campanha promocional de “Melancolia”, pede: “um pouco mais de decência, Senhor Paulo Branco!

Acho que, perante este chorrilho de ofensas disfarçadas de críticas a Lars von Trier, aos apreciadores do seu trabalho (onde me incluo) e ao seu distribuidor nacional, a única resposta é a que o próprio realizador dinamarquês daria... e está tatuada nos seus dedos.

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