A Compra Imoral

A minha relação com o Viagra é complicada. Não, nada do que estão a pensar, o que tirei dele foi apenas o patrocínio do contador de um blogue pretérito. E não o fiz para potenciar o número de visitas, senão, inadvertidamente, sem atentar na sponsorização, quando o subscrevi. Como, ainda por cima, o template era azul, da cor das célebres pílulas, o embaraço foi acrescido.
Vale isto para comentar mais uma vergonhosa recaída terrorista desse Khadaffi cujas vias de extinção deveriam ter sido mais rápidas. Isto a acreditar que o objectivo visado residiria na intimidação popular. Tenho para mim que seria outro, o de garantir a fidelidade dos seus, numa prática que, infelizmente, tem imensos precedentes, a de dar rédea solta à violação para garantir o moral das tropas.
A ser uma "sanção penal", preferiria transportar-me à conhecida romanceação do Saque de Canossa: tendo as tropas de Luís o Grande ocupado a cidade, um dos oficiais, filho de Silvestre Dancs, o comandante militar, foi morto, sem que se soubesse por quem. Irado, o Rei teria dado ordem de que, durante um dia, o saque, compreendendo bens e Mulheres, fosse livre, para os seus soldados. Pois o cabo de guerra enlutado - que assim encontraria vingança - mandou alinhar as tropas na praça maior e arengou-lhes:
«Esta é a Justiça do nosso Rei, pelo que tudo o que nestas horas tomardes será vosso, sem que sejais punidos. Mas digo-Vos que homens de bem não procedem dessa forma.»
Até ao pôr do Sol as companhias mantiveram-se perfiladas onde estavam. Nem um só dos seus integrantes se teria mexido.
Ninguém dá a ler uma tradução deste postal ao louco de Tripoli?

A imagem é, por Bernard Buffet, O Império ou Os Prazeres da Guerra: Depois da Violação

2 comentários:

  1. "...as companhias mantiveram-se perfiladas onde estavam.."

    Isso era noutros tempos, em que a HONRA era mais do que uma simples palavra...

    Ab
    Tiago Santos

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  2. Ah sim, hoje desconfio de que o é fartar vilanagem triunfaria em larga escala. Já vimos isso nos tratos da soldadesca do Exército Vermelho às populações dos Países de Leste que ia "libertando". Um retrato bastante impressivo do estilo é dado em «A Vigésima Quinta Hora», de Vihil Gheorghiu.

    Abraço, Meu Caro Tiago

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