Ser ou não ser


Exceptuando-se O Diabo, não compro jornais nem perco muito tempo com a chamada comunicação social, sobretudo com aquela imbecilmente adepta da abortografia brasilêra. Mas, durante a temporada na estranja, de quando em vez dou um salto à versão digital de algum diário para ver como andam as modas na terra. Hoje foi a vez de uma vista d´olhos ao pasquim do Eng. Belmiro Azevedo (penso que ainda lhe pertence). Pois não é que ali estava um video do youtube sobre "os novos portugueses"? Exultando de diversidade e multiculturalismo os responsáveis pela matéria anunciam categoricamente que agora "Somos morenos, somos louros, somos negros, somos mulatos, somos asiáticos, somos sul-americanos, somos de muitas nacionalidades, somos europeus, somos portugueses". O que tal fulgurante progresso quer dizer é que já não somos nada, deixámos de ser, pois só somos nós se não somos os outros. Ser tudo ou todos significa logicamente não ser mais nada ou ninguém. É assim de fácil. De uma assentada dá-se cabo da velha identidade portuguesa. Graças aos inestimáveis préstimos da dupla Pinto de Sousa/Cavaco Silva a nossa nacionalidade - leia-se: identidade - foi transformada em simples certificado de residência.

1 comentário:

  1. Bem, isso tudo éramo-lo, verdadeiramente, quando Portugal constituía uma realidade pluricontinental. O problema é que, ao contrário desses saudosos tempos, se perdeu o nexo que ligava a variedade. Sem a argamassa da unidade restam duas hipóteses, que se não excluem, necessariamente - a pulverização segundo os tais critérios, agravada por agregações em grupos menores e conflituantes que, quando não dá ghettos, dá gangs. ou a imitação acéfala da "cultura" popular norte-americana, a qual descaracteriza qualquer resquício de identidade.
    Duma maneira ou doutra, estamos bem arranjados.

    Abraço

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