Feira do Livro

Decorreu em Lisboa a 81.ª edição da Feira do Livro, histórico evento cultural da capital que celebra e promove a leitura, atraindo o público com promoções e preços convidativos. Mas será que as mudanças introduzidas recentemente foram para melhor?



Para muitos de nós, a Feira do Livro é algo de que nos lembramos desde tenra idade. Um dos primeiros contactos com a leitura que perdura e nos faz regressar todos os anos, até ao dia em que é com os nossos filhos. Quer dizer que cumpre, para além de uma função comercial, uma importante função cultural.

No entanto, parece que a vertente do negócio tem ganho cada vez mais importância e a feroz competição entre grandes grupos editoriais provocou várias alterações. Infelizmente, não para melhor.

Outras feiras
Iniciada pelo Grupo Leya, com o seu “espaço” próprio, esta tendência para o ‘apartheid’ editorial agravou-se este ano. Também a Bertrand e a Babel aderiram a ideia de ter uma configuração diferente, fugindo às clássicas barraquinhas. Parece que deixámos de estar na Feira do Livro para entrar na feira “x”. E assim se vai andando, de feira em feira...

Mas o problema não é só de forma. Para além de tentarem escoar rapidamente as “novidades”, fazendo destes espaços uma versão alargada das “boutiques de livros” em que hoje se tornaram tantas livrarias, pouco mais fazem que despachar existências.

Interessante
Vão valendo os ‘stands’ de publicações científicas e académicas, ainda que, como disse um dos responsáveis por uma editora universitária, os preços sejam incompreensivelmente elevados. Mas o melhor está mesmo na parte reservada aos alfarrabistas, infelizmente diminuída. Aí é possível encontrar verdadeiras preciosidades a preços acessíveis. Mas a continuidade desta oferta pode estar em risco, já que muitos destes livreiros se queixam de que os lucros conseguidos não compensam os gastos.

Seja como for, a Feira do Livro não deixa de ser uma referência incontornável nos ritmos de Lisboa e um acontecimento cultural a continuar. Esta deve continuar a ser uma festa do livro e não tornar-se um centro comercial a céu aberto. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]

1 comentário:

  1. Eu cá preferia aos peixes grandes hiper-actualizados os pequeninos onde se encontravam coisas menos na crista da onda mas mais enquadráveis no conceito de descoberta.
    Porém reconheço que esta será uma forma de o sector sobreviver em tempos menos favoráveis.
    Parece é que o formato da Feira como o conhecemos está, garantidamente a dar as últimas.

    Abraço, Meu Caro Duarte

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