NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Valete, Frates.

FERNANDO PESSOA
(1888 — 1935)

4 comentários:

  1. Faltam aqui dois jovens belenenses em que estou a pensar... Mas já está reunida uma bela equipa!

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  2. Acho que sei em quem é que o Manuel está a pensar, e assino a petição:)

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  3. Primeiro, esses jovens belenenses têm que aparecer nos almoços das quintas, que deram origem a este blogue. E mesmo assim, não sei se eles vão achar piada. É que neste blogue somos todos benfiquistas, eheh! :)

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