O Pacote Armadilhado

PPC encarnou de Mãos de Tesoura o estatuto e nele se encartou, ao catapultar uma encomenda de cortes que vão desde os clips da burocracia ministerial a coisas graves como a dispensa de funcionários, o prolongamento da coacção da vida profissional activa e a taxação adicional de pensões, subversão das regras do jogo que todos vêm notando. A justificação é igualizar os funcionários ao sector privado, embora, já se sabe, a verdadeira causa seja a falta de pilim. Não gosto de paranoias igualitárias, mas percebo que um Estado que não se preza não possa prezar os que o servem. O que deveria der uma elite cumulada de benefícios vê-se, portanto, na contingência de se tornar no bode expiatório dos desperdícios e esbanjamentos acumulados pelas promessas eleitorais, as concessões clientelares e os preconceitos duma incontinência do investimento público cego. Sublinhou a torto e a direito a dificuldade das medidas e a necessidade delas. Mas por que motivo? Para voltarmos a ser bem vistos lá fora credíveis. Ou seja, troca a subserviência de abrir os cordões à bolsa para palmar o votito aos de dentro para passar a fechá-los na mira duma palmada ou palmadinha nas costas pelos de fora. Como País, chapéu, se isso já não tivesse acontecido já, quando os que agora nos mandam fechar as torneiras nos espicaçavam para que as deixássemos correr sem controlo ou medida.                                     
                          Peões, da série Almas Perdidas, por Alexey Terenin

5 comentários:

  1. Meu caro Paulo,

    Há que ter alguma compaixão pelo Afro-Conimbricense de Massamá! Ele quando olhou para as olheiras daquele pequeno funcionário enfadonho do BCE que a Merkel lhe impôs como braço direito (contrapartida para o aceitar no lugar do seu já domesticado filósofo), pensou que seria tarefa fácil entorpecê-lo com uma voz barítona cantando-lhe, de volta ao afago do seu soalheiro rectângulo, amanhãs de fartura que aí viriam para confirmar o adágio popular. Só mais tarde percebeu que aqueles papos debaixo dos olhos do Gaspar não eram, afinal, olheiras, mas os tomates!, que de tanto os encolher quando outros ladrões da banca internacional (Borges, Moedas, Moreira Rato) lhos apertam, se acabaram por alojar ali.
    O nosso melómano Primeiro-Ministro ainda foi ao Canadá recuperar um Luso-Idiota emigrado - por ser homem cheio de idéias, nada de pejorativo, atenção! - para ver se ele instalava na Brandôa (foi bonita a festa, pá!) uma PPP - a LusoPastéisdeNata Export, SA - que garantisse, a ele e a seus acólitos, uma renda pós-governação no mínimo equivalente à dos barões laranrosa já instalados. Infelizmente, um estudo encomendado pelo Governo à Ernst & Young chegou à conclusão que só o Québec não tinha ainda a patente daquela delícia gastronómica de Belém, e o pobre Alvarinho só por cá se vai aguentando porque anda a reunir material para o seu próximo romance - "Diário de um Ministro Humorista".
    E assim, meu Caro Amigo, sem futuro neste pobre Portugal mas também sem raízes que por cá o prendam, Pedro Passos Coelho já só se preocupa em agradar aos Senhores que lhe dão garantias de um sobrevir auspicioso corroborável noutros digníssimos representantes do republicanismo Luso coevo.

    Um abraço

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  2. rudolfo moreira04/05/13, 15:36

    o engraçado é que com tantos cortes os espectadores ainda estavam mortinhos por dizer corta essa, pá

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  3. Corte e costura, de má costureira, caro Paulo. As reformas sérias tardam, as "reformas" são adiadas para a velhice, as soluções pingam tal como um sôro que não trata, ao invés, mata.

    abraço,

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  4. Capatazes, no espírito e na acção, paus mandados de interesses estranhos aos portugueses. para não ferir a susceptibilidade do Meu Querido Amigo, não utilizarei a expressão recente de um ex-presidente da república, mas sempre direi que por menos que isto foi defenestrado Miguel de Vasconcelos.

    Beijinho

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  5. Pois é, Meu Caro Pedro, da brilhante e esclarecedora prosa do Amigo brotou-me, rutilante, a solução: o PM confiou nas olheiras (do Doutor Gaspar), quando precisava era de olheiros (para descobrir ministros menos desilusores que o Alvarinho. É no que dá a confusão dos géneros de hoje em dia...

    Meu Caro Rudolfo,
    Isso seria se os ditos ainda admirassem o corte do fato deste Governo. Penso que já é generalizada a constatação de ser um elenco remendão.

    Meu Caro João,
    o reformismo nunca serve quando as emergências se acham despoletadas. Urge a ruptura que encerre o Regime e, para não atirar Pessoas contra Outras, que não seja uma revolução, mas o contrário dela, uma Contra-Revolução.

    Querida Ariel,
    esse indivíduo retomou um pretenso dito de espírito do odiento Afonso Costa sobre Luís XVI e D. Carlos, que conduziu, direitinho, ao assassinato Deste. Não gosto de actos de violência contra políticos, por muitas legitimaçºoes do tiranicídio que se pudessem aplicar aos presentes. É possível apeá-los sem sangue. E por Vasconcelos, como diria Marcos Pinho de Escobar, hoje já não haveria janelas que bastassem...

    Beijinho e abraços

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