O Nó e o Dó

Este é um Governo da corda, mas não embarco na balada que nos cantam e contam de o Dr. Portas, na comunicação de ontem, ter querido medir forças com o Primeiro Ministro, puxando a dita, pois ele sabe de sobejo que parte sempre pelo mais fraco. A questão fia mais fino, é somente de cordelinhos e de quem os puxa; e o PP está condenado a ver o parceiro grande fazê-lo, lutando apenas para restringir esse controlo à realidade do Poder e não a si próprio numa evidenciação do estatuto de marioneta. Assim, as declarações foram a salvação possível da face, com a manutenção da persona eleitoral assumida pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, de defensor dos pensionistas e idosos. Não digo que tenha sido tudo falso naquelas palavras, porque os homens, se não são embusteiros completos, acabam por se deixar transportar pelos papéis que são chamados a interpretar. E este encaixava em dois princípios fundamentais que me lembra o líder Popular crer: a sacrossanta intangibilidade dos contratos e a hostilidade ao aumento dos impostos, condicionantes da manutenção do regime das reformas. Com pressões internas e espectros de descrédito exterior, creio ter sido congeminada esta saída airosa, o Dr. Passos deixa entreaberta a nesga do "debate em cima da mesa" e o seu coligado homólogo mergulha de cabeça pela pequena abertura, no sentido de, com a exibição da pluralidade de pontos de vista, ambos darem corda a um executivo a que ela vai faltando. Mas, amarrados um ao outro por esse cabo (dos trabalhos) quando um for ao fundo, o outro irá atrás.
                                                        Corda, de Mairi Brydon

6 comentários:

  1. Meu Caro Amigo,

    Acabada a "comunicação", o Doutor Portas despachou com a mesma resposta as três perguntas permitidas aos jornalistas. Qualquer coisa como: - Devidamente ameaçado por mim próprio, Sua Excelência, o simpatiquíssimo Doutor Passos Coelho, na carta enviada à Troika, teve o cuidado de evidenciar uma folga nos cortes que nos permitirá deixar cair a "TSU dos Pensionistas"*. Depois, já com um pé fora da sala, despediu-se deles com um sorridente: - "E agora dêem-me licença que ainda tenho que ir comemorar o dia da Mãe."
    Ora bem, lendo a conclusão dum recente post da Doutora Helena Sacadura Cabral acerca da sua pensão "nestes tempos perigosos, nunca mais me vou "dar" um tempo, porque, se o fizer, já sei o que acontece: vão-me ao bolso!", fico na dúvida se o que assisti ontem foi a uma "Comunicação ao País", ou ao ínicio de mais uma temporada do Reality Show - "Perdoa-me".

    Um abraço

    * - Só não terá tido em conta que, tendo sido a carta expedida na sexta-feira, quando hoje for recepcinada pelos troikenses, o Doutor Gaspar provavelmente já deu cabo dessa folga!

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  2. rudolfo moreira06/05/13, 16:23

    foi só para papalvo ver porque se a discordãncia fosse séria ele tinha justificado o nome e batido com a porta

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  3. "Dr. Passos deixa entreaberta a nesga do "debate em cima da mesa" e o seu coligado homólogo mergulha de cabeça pela pequena abertura"... - de antologia, e mais não digo... :)))

    Beijinho Querido Paulo

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  4. caro Paulo

    É a política anfíbia do partido pequeno da coligação. No mar ou em terra vive de acordo com o "ambiente". Tenho pena.

    abraço

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  5. Meu Caro Pedro,
    já botou figura e tranquilizou a família, pois. Mas penso que, sobretudo, a família política, já que se o Amor de Mãe tudo perdoa, o do agregado partidário começava a dar mostras de turbulências que até uma liderança tão avassaladora como a do Dr. Portas ia evidenciando sinais de dificuldade em digerir.

    Meu Caro Rudolfo
    e, no léxico do regime, o verbete "papalvo" vem trazendo como sinónimo "votante", sem dúvida!

    Querida Ariel,
    mas essa fenda por onde simulou escapulir-se pode bem ser o alçapão do cadafalso da respectiva carreira, porque aquele contragosto cabotino não me pareceu convincente por aí além...

    Meu Caro João,
    só que mesmo com tal adaptabilidade ultra-camaleónica, quando a água é muita, acaba-se por ser arrastado na torrente.

    Caríssimo RAA,
    sim, foi um esforço considerável para nos dar música. Só hesito em aceitá-lo como actuação a solo, ou em suspeitar de actividade concertante e concertada.

    Beijinho e abraços

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